O governo brasileiro decidiu encerrar as negociações com a Índia para a aquisição de um sistema de defesa antiaérea e iniciou tratativas com a Itália. A nova negociação pode chegar a R$ 5 bilhões e envolve o sistema Emads, fabricado pelo consórcio europeu MBDA, que tem participação da italiana Leonardo.
Segundo informações da CNN Brasil, a mudança de rota ocorre após impasses técnicos e comerciais com os indianos, que insistiam na venda de uma versão mais antiga do sistema Akash, sem tecnologia israelense e com propriedade intelectual exclusivamente da Índia.
De acordo com fontes do Exército, o Brasil buscava uma versão mais moderna, com maior alcance e capacidade de detecção. Diante da negativa, o comando da Força optou por buscar alternativas no mercado europeu.
Sistema Emads será o novo foco
O sistema Emads é baseado na mesma família de mísseis que será utilizada pela Marinha do Brasil nas fragatas da Classe Tamandaré, em construção em Itajaí (SC). Isso pode facilitar o compartilhamento logístico, o treinamento conjunto e até permitir produção nacional dos armamentos em parceria com a indústria italiana.
A negociação com a Índia previa o modelo “gov-to-gov” (governo a governo), e incluía, além dos mísseis, a possível venda de cargueiros KC-390 da Embraer. O formato pode ser mantido nas tratativas com os italianos, embora, segundo a reportagem, a aquisição dos mísseis não esteja condicionada à venda dos aviões.
Reencontro com Modi pode definir rumos
Mesmo com o avanço nas conversas com a Itália, o tema pode retornar à pauta durante a cúpula do Brics, que será realizada no Rio de Janeiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, terão encontro bilateral e podem reavaliar os termos do acordo ou encerrar de vez as tratativas com os indianos.
Atualmente, o Brasil não possui sistema de mísseis com capacidade de interceptar ameaças acima de 3 mil metros de altitude, o que acende o alerta diante de um cenário internacional de crescente instabilidade.