O ex-policial militar Élcio de Queiroz alegou em depoimento à Justiça do Rio de Janeiro, na terça-feira (10), que agentes da Delegacia de Homicídios tentaram extorquir dinheiro do policial militar reformado Ronnie Lessa antes de suas prisões em 2019. Ambos eram acusados de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, mortos a tiros em 2018 no Rio.
Queiroz fez a declaração após chegar a um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio, no qual admitiu participação no crime e alegou que Ronnie, seu amigo de 30 anos, foi o responsável pelo assassinato da vereadora.
Segundo Queiroz, eles souberam que estavam sendo investigados pela Delegacia de Homicídios antes mesmo de serem convocados para depor. Ele alegou que informações sobre a investigação foram vazadas por policiais da delegacia e de outros órgãos da Polícia Civil.
O ex-policial relatou que um agente da Delegacia de Homicídios tentou entrar em contato com Ronnie pelo menos quatro vezes antes de suas prisões, na tentativa de extorquir dinheiro. Ele afirmou que só concordou com a delação após as investigações passarem para a Polícia Federal.
O depoimento revelou também que a Delegacia de Homicídios teria extorquido dinheiro do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, suspeito de liderar um grupo de assassinos de aluguel e morto em 2020 em uma operação policial na Bahia. Nóbrega chegou a prestar depoimento sobre o assassinato de Marielle, mas não foi considerado suspeito pelos investigadores na época.
O promotor do Ministério Público Fábio Vieira, que acompanhou o depoimento, afirmou que a suposta tentativa de extorsão não faz parte do processo da audiência, mas não descartou a abertura de uma investigação separada.
“Isso não é objeto de julgamento dentro deste processo. Essa informação que surge hoje pode dar início a uma nova investigação”, declarou o promotor.
Por sua vez, Vieira observou que ainda não havia provas concretas de que alguém teria sido extorquido.