O relatório recente do Banco Mundial revela que a desigualdade global aumentou em 2023, impactando especialmente os mais pobres entre os pobres. Cerca de 700 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 2,15 (R$ 10,50) por dia, representando um aumento de 40% em relação a 2010. O combate à pobreza sofreu retrocessos significativos devido à pandemia de Covid-19, resultando em um recuo de três anos no esforço contra a extrema pobreza.
O Banco Mundial, conhecido por promover o capitalismo como meio de alcançar o crescimento econômico e reduzir desigualdades, enfrenta um cenário contraditório com o aumento da disparidade global. Em 2022, ano marcado por incertezas devido à pandemia, o combate à pobreza estagnou, e o ano seguinte, 2023, foi caracterizado pelo agravamento das desigualdades.
Apesar da tentativa do Banco Mundial de redesenhar seu projeto visando a criação de um mundo sem pobreza em um ambiente ecologicamente saudável, o relatório destaca que o combate à pobreza enfrentou obstáculos, inclusive nas faixas de renda consideradas menos precárias, como aquelas próximas à classe média baixa.
Países de baixa renda média, como México, África do Sul e Brasil, reagiram de forma mais positiva pós-Covid, continuando a reduzir a pobreza. Contudo, a dívida externa dos países mais pobres aumentou significativamente devido aos juros elevados decorrentes da crise, comprometendo investimentos em áreas cruciais como saúde, educação e programas ambientais.
O relatório também aborda desafios globais, como o desastre econômico, inflação elevada e aumento das taxas de juros em resposta à crise na Ucrânia. As previsões de crescimento econômico foram rebaixadas, e a emissão de gases de efeito estufa ultrapassou as piores estimativas, contribuindo para o aquecimento global.
Além disso, o documento destaca a ascensão das mulheres no mercado de trabalho, mas reconhece que a desigualdade de gênero persiste. Mulheres enfrentam menor valorização da mão de obra, ocupam menos cargos de liderança e recebem salários menores em comparação com os homens. O relatório propõe a necessidade de uma abordagem mais igualitária no mercado de trabalho para impulsionar o progresso global.