A agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, aprovou nesta semana o uso do lenacapavir (nome comercial Yeztugo) como profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). O medicamento da farmacêutica Gilead Sciences é considerado um marco na prevenção da doença por ser injetável e exigir apenas duas aplicações por ano, oferecendo eficácia próxima de 100%.
Por que o lenacapavir é inovador?
Diferente do esquema tradicional da PrEP — que exige uso diário de comprimidos, como já adotado no SUS desde 2017 — o lenacapavir promete melhorar adesão ao tratamento e reduzir estigmas. A novidade já está aprovada para adultos e adolescentes com peso mínimo de 35 kg.
“Um dia histórico na luta contra o HIV”, definiu Daniel O’Day, CEO da Gilead. Especialistas como o professor Carlos del Rio, da Universidade Emory, avaliam que a nova forma de dosagem tem potencial para eliminar barreiras como esquecimento e estigma, comuns nos tratamentos diários.
A aprovação foi celebrada por entidades como o Unaids, que classificou a decisão como um “grande avanço”, e pela AVAC, organização global dedicada à prevenção do HIV, que relembrou que o lenacapavir foi eleito “descoberta do ano” pela revista Science em 2024.
Antes e depois do lenacapavir
Até então, o tratamento injetável mais promissor era o cabotegravir (da GSK), com aplicação a cada dois meses, já aprovado no Brasil. Contudo, o custo elevado ainda limita seu uso em larga escala. Agora, o lenacapavir surge como alternativa viável e promissora, com menos aplicações e alta eficácia.
O medicamento já era comercializado sob o nome Sunlenca, mas apenas para tratamento de casos graves de HIV, com cepas multirresistentes. Com a nova aprovação, passa a ser usado para prevenir a infecção em pessoas saudáveis, ampliando significativamente seu alcance.
A expectativa global é que, com acesso facilitado e políticas públicas eficazes, o lenacapavir ajude a frear a epidemia e transforme o cenário da prevenção do HIV em escala mundial.