O curioso caso do veículo Gol com capacidade para dar a volta no planeta em apenas um mês é apenas um dos detalhes que motivaram o Ministério Público estadual a pedir o afastamento do prefeito de Morro do Chapéu, Leonardo Dourado (PR), na Chapada Diamantina, por causa de supostas irregularidades na compra de combustíveis.
O automóvel ‘envenenado’ é um dos 79 veículos que constam na lista da frota da prefeitura e teria percorrido inacreditáveis 63 mil quilômetros apenas em fevereiro de 2018 – o equivalente a 80 viagens de ida e volta entre Morro do Chapéu e Salvador no período (cada trecho tem 400 km). A relação fornecida pelo Detran ao MP mostra que a prefeitura tem 55 veículos oficiais – uma diferença de 24.
Segundo a ação, o prefeito Leonardo Dourado realizou licitação para compra de combustíveis em 2017 e a empresa vencedora encheu o cofre com pouco mais de R$ 3,2 milhões. A contrapartida da Apoio Derivados de Petróleo Ltda. era abastecer a frota municipal.
Mas a apuração do Ministério Público aponta que as irregularidades vão desde o abastecimento de veículos particulares ou inexistentes a quilometragens incapazes de serem atingidas por um mesmo veículo em um curto espaço de tempo. É o exemplo do Gol – ou o carro ‘bebe’ demais, ou quem o dirige tem o ‘pé pesado’.
Outro caso suspeito envolve um caminhão que consumiu mais de R$ 100 mil em combustível, mas a placa aparece no sistema do Detran como pertencente a uma moto. As informações foram extraídas a partir do cruzamento de dados das planilhas fornecidas pelo Departamento de Trânsito e pela Secretaria de Transportes da cidade.
As denúncias foram oferecidas pela procuradora-geral adjunta Wanda Figueiredo e pelo promotor de Justiça José Emanuel Lemos. De acordo com o Núcleo de Crimes Atribuídos a Prefeitos (CAP), o prefeito Leonardo Dourado ainda fechou um contrato emergencial de R$ 600 mil reais com outra fornecedora de combustíveis. Em seguida, fez dois pregões com valores em torno de R$ 4,4 milhões.
A reportagem do BNews não conseguiu contato com o gestor. Em nota enviada ao site Política Livre, Dourado afirma que a denúncia do MP “nada traz de concreto contra o prefeito”. Ele prossegue justificando que “não existe processo penal em curso quanto a este fato” e, por isso, “o prefeito não é réu”.
Apesar de negar a existência do processo, Dourado diz que a defesa está sendo elaborada para ser apresentada ao Tribunal de Justiça da Bahia. Ele reforça, ainda, que as contas da prefeitura referentes aos anos de 2017 e 2018 foram aprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios.
Fonte: Bnews