Israel retoma projeto E1 em Jerusalém Oriental e ameaça sepultar solução de dois Estados

O governo de Israel deu um passo polêmico que pode redefinir o mapa do conflito no Oriente Médio. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, aprovou nesta quinta-feira (14) a retomada do chamado projeto E1 — um plano para erguer 3.401 casas entre o assentamento de Maale Adumim, na Cisjordânia, e Jerusalém Oriental, área ocupada desde 1967. A medida, segundo o próprio gabinete, tem como objetivo “enterrar” a possibilidade de criação de um Estado palestino.

O projeto estava paralisado desde 2012, devido à oposição dos Estados Unidos, aliados europeus e outras potências que o consideram um golpe fatal em qualquer acordo de paz. Caso avance todas as etapas burocráticas, as obras de infraestrutura podem começar em poucos meses, com a construção das casas prevista para cerca de um ano.

Organizações pacifistas e governos estrangeiros alertam que a expansão isolaria comunidades palestinas e dividiria a Cisjordânia em duas partes, inviabilizando a contiguidade territorial de um futuro Estado palestino. A ONG israelense Peace Now classificou a medida como “mortal para o futuro de Israel” e afirmou: “Estamos à beira de um abismo, e o governo está nos levando para frente a toda velocidade”.

Reação palestina e silêncio de Netanyahu

O Ministério das Relações Exteriores da Palestina condenou o plano, chamando-o de “extensão de crimes de genocídio, deslocamento e anexação” e um reflexo da ideia de “Grande Israel” defendida por Netanyahu. O premiê e seu gabinete ainda não comentaram a decisão.

Desde o início do conflito com o Hamas em 2023, a construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia acelerou, apesar das críticas internacionais. Pesquisas recentes apontam queda na popularidade de Smotrich, cujo partido, historicamente de direita, não elegeria sequer um parlamentar se as eleições fossem hoje.

Jerusalém Oriental: núcleo de disputas religiosas e políticas

A região abriga locais sagrados para três religiões, como o Monte do Templo, o Muro das Lamentações, a Cidade Velha e a Igreja do Santo Sepulcro. Por isso, Jerusalém Oriental é um dos pontos mais sensíveis e simbólicos da disputa entre israelenses e palestinos.

Burburinho News
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