A reputação da economia brasileira foi negativa em todos os meses de 2022 na mídia estrangeira. O resultado foi impulsionado pelo cenário político/eleitoral e também pelas incertezas sobre a condução da política monetária e fiscal.
Depois da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a mídia internacional abordou com preocupação declarações contra privatizações e pela ampliação de gastos públicos. Como mostra o infográfico a seguir, os piores meses de 2022 foram outubro (quando Lula venceu a eleição presidencial), novembro e dezembro.
Os dados são de levantamento realizado pelo Radar +55, hub de inovação do Grupo BCW. Foram analisadas 1.117 notícias ao longo de todo o ano de 2022 dos principais veículos de mídia de 8 países: Alemanha, Argentina, Chile, China, Estados Unidos, França, Inglaterra e México.
“Os gastos públicos tornaram a ser o centro das discussões durante a fase de transição de governos, com as negociações para aprovação da PEC da transição que garantiu recursos para programas sociais e serviços públicos essenciais. Apesar do caráter assistencial e emergencial, a imprensa questionou a viabilidade e sustentabilidade desses gastos sob o ponto de vista da responsabilidade fiscal, estabelecendo essa meta como o principal desafio para Lula em seu mandato e ressaltando as desconfianças de investidores externos“, diz um trecho do levantamento.
A avaliação mais negativa nos últimos 3 meses do ano também é explicada pela análise da mídia estrangeira sobre o legado do governo de Jair Bolsonaro (PL).
“A mudança de governo levou a uma série de avaliações críticas do mandato de Jair Bolsonaro, que causou menções sobre sua atuação na pandemia, no controle da inflação e, sobretudo, na política ambiental”, diz o estudo.
A inflação, que chegou a 12% no acumulado de 12 meses em abril, foi alvo de críticas ao longo do ano. A condução da política fiscal do governo, com medidas visando às eleições, também. A troca no comando da Petrobras foi vista como interferência de Bolsonaro.
O índice mais alto de confiabilidade na economia do Brasil foi registrado nos meses de julho, agosto e setembro. “O melhor desempenho desse quesito se deu no 3º trimestre, com 39% das citações mostrando otimismo diante da recuperação dos índices de inflação, desemprego e atividade comercial e industrial“, informou o estudo.
O Radar +55 destacou que os eventos que marcaram a política do país no ano passado geraram insegurança internacionalmente. “Na avaliação da mídia estrangeira, o governo se mostrava inerte ao não promover ciclos de correção – sobretudo na Política Monetária – e não dava sinais de que entendia e iria responder às demandas globais de boas práticas econômicas a partir de ações planejadas e com efeitos a longo prazo. Vislumbrava-se um ano marcado por iniciativas eleitoreiras.”