Ela cobriu a morte de Tancredo Neves, o Plano Cruzado, o acidente radioativo em GoiA?nia, com CA�sio 137, a tragA�dia do iate Bateau Mouche, a Rio-92 e a ocupaA�A?o do Complexo do AlemA?o.A�Em outubro, a jornalista anunciou que descobriu que estava de novo com cA?ncer. “Novamente estou sendo posta A� prova. Mais um tratamento pra fazer. Eu amo a vida. E vou em frentea�?, postou ela.
Sandra enfrentava o terceiro cA?ncer nos A?ltimos sete anos, desta vez no mediastino a�� regiA?o torA?cica perto do esA?fago.A�O velA?rio serA? na quarta-feira (11), das 12h A�s 17h30, no CemitA�rio Memorial do Carmo, no Rio.
“Carioca e botafoguense. Sou mulher do Rodrigo, mA?e da CiA�a e do Ricardo, avA? do Francisco e do Leon, que vem por aA� em novembro”, definia-se no Twitter. Casada com o arquiteto Rodrigo Figueiredo, ela era irmA? da tambA�m jornalista e diretora da GloboNews, Eugenia Moreyra.
40 anos de carreira
A repA?rter comeA�ou a carreira na Globo em Minas Gerais, na dA�cada de 1980. Logo depois, voltou para o Rio de Janeiro e passou a fazer reportagens para o RJTV, o Jornal Nacional, o Globo RepA?rter e o Bom Dia Brasil.
A cobertura que a jornalista considerava mais marcante foi o enterro dos mortos na chacina de VigA?rio Geral, em 1993.
a�?Na hora de escrever o texto, a matA�ria tinha uma carga de emoA�A?o tA?o forte, da dor daquelas pessoas, da violA?ncia, que pensei: ‘Tenho que botar isso nas palavras mais simples’. Quando a matA�ria entrou no ar, foi um soco no estA?mago”, relatou ao site MemA?ria Globo.
“Ela estava muito mais forte do que eu poderia imaginar, porque consegui exatamente isso, lidar com a realidade sem querer ser mais do que ela, sem querer aparecer mais. No dia em que fiz aquela matA�ria foi quando senti: a�?Puxa vida, cresci. Que bom!a�?, completou.
Entre 1999 e 2004, atuou na GloboNews na parte gerencial e administrativa do jornalismo. No canal, tambA�m apresentou o programa EspaA�o Aberto Literatura. Depois, voltou a ser repA?rter na TV Globo.
Ela era considerada uma jornalista de mA?ltiplos talentos: na ediA�A?o, na reportagem e no vA�deo. Seu texto era singular, com personalidade.
Luta contra o cA?ncer
Nos A?ltimos anos, chefiou o nA?cleo de reportagens especiais da TV Globo no Rio de Janeiro. Sem nunca ser vA�tima, tia Sandrinha, como era chamada pelos seus companheiros de redaA�A?o, brigou pela vida atA� o fim.
Em 2008, descobriu e tratou um cA?ncer no esA?fago. Voltou ao trabalho e, em 2013, um exame de rotina constatou a volta da doenA�a no mesmo A?rgA?o.
Sem voz depois do segundo tratamento contra o cA?ncer, ela escreveu para que outros lessem. Na sA�rie de crA?nicas para o aniversA?rio de 450 anos do Rio, Tony Ramos, Fernanda Montenegro, Milton GonA�alves foram alguns dos que deram voz A�s histA?rias que ela contava com tanto capricho. Seu A?ltimo trabalho foi a sA�rie Cariocas OlA�mpicos.
Com muita dificuldade para engolir, ela nunca perdeu o gosto pela cozinha. Cozinhava, tirava fotos e publicava nas redes sociais.
Magrinha, descia todos os dias a rua de casa a caminho da academia. Quem sabe ganhava um pouco de massa muscular, dizia ela. Observava da janela da sala os tucanos e os sabiA?s do Jardim BotA?nico, onde morava. “Hoje mesmo eu ouvi um sabiA? cantar feliz debaixo da minha janela. SA?bias aves”, escreveu no A?ltimo dia 22. Na semana passada lamentou a queda de uma A?rvore na sua rua.
Fonte: G1