O governador Rui Costa comentou nesta terça-feira (6) a chegada do Comando Vermelho à Bahia – a facção está presente também em outros estados nordestinos, como Ceará e Rio Grande do Norte. “O que eu posso afirmar é que a nossa determinação é forte no sentido de combater qualquer organização criminosa e eu posso assegurar que nós não chegaremos, em nenhuma hipótese, até a situação que os outros estados chegaram de permitir que qualquer organização pudesse controlar não só Salvador ou outro lugar do estado”, disse Rui, que foi a Praia Grande entregar uma contenção de encosta pela manhã.
A segunda maior organização criminosa do país teria chegado à capital baiana há cerca de três meses, em aliança com o Comando da Paz (CP). Pichações em casas e estabelecimentos no complexo do Nordeste de Amaralina e no Santo Inácio faziam alusão à CV – foram apagadas após reportagem do CORREIO.
Como as festas ainda estão proibidas devido às medidas restritivas da Prefeitura de Salvador e do Governo do Estado, os traficantes cariocas teriam começado a liberar dinheiro para a realização dos paredões.
“É a forma que encontram para escoar a droga. Nunca tivemos tantos casos de paredões aqui e a grande maioria são nas áreas conhecidas de domínio do CP, como o complexo do Nordeste de Amaralina”, contou um policial militar que atua na Operação Sílere, trabalho conjunto das secretarias da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) e Municipal de Ordem Pública (Semop), para combater poluição sonora e também reduzir crimes contra a vida e patrimônio.
Especialista em gestão de sistema prisional e professor do Insper, Sandro Cabral cita que há muito se comenta sobre essa história de aproximação do Comando Vermelho com a facção baiana. Cabral explica que a uma organização criminosa coopta outra numa lógica de associação, por necessidade de complementaridade.
“Ou seja, você tem uma fábrica, um produto, e se alia com outra empresa, que faz a rede de distribuição. Quando se busca uma expansão de mercado, você busca por quem tem base, quem conhece o terreno, quem conhece as dinâmicas da cidade, as rivalidades estabelecidas. É um mercado que age à margem da lei. O PCC, por exemplo, quando ele busca se expandir na Europa, ele se une com a máfia italiana”, exemplifica.
Dessa maneira, à medida em que essas alianças são concretizadas, a criminalidade local se fortalece porque, conforme cita o professor, a organização pode passar a ter acesso a armamentos mais pesados, além de conhecimento adicional para corromper e lidar com a polícia.
“Então, os órgãos de segurança pública têm mesmo que cuidar disso com muito cuidado e, para isso, os departamentos policiais precisam agir de forma integrada, trocar informações e colaborar para tentar neutralizar esses movimentos do crime organizado”, adianta.
No final de setembro, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Anselmo Brandão, disse que a chegada do Comando Vermelho à capital baiana “não passa de boatos”. Segundo ele, os grupos criminosos de Salvador estão usando o nome da facção do Rio de Janeiro para ter mais espaço na cidade.
Fonte: Correio 24h