Combustíveis vão ficar mais caros no país, após corte na produção de petróleo

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Foto: Fred Magno/ O Tempo

Pressão inflacionária também pode impedir que o Banco Central reduza a taxa de juros em 2023

Depois de um começo de ano de estabilidade, os preços dos combustíveis podem voltar a subir nos próximos dias no Brasil, após a disparada do valor do barril de petróleo nesta segunda-feira (3) em 6,31%, com o anúncio do corte inesperado na produção do óleo pela Arábia Saudita e por outros países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+), a partir de maio.   

 A decisão da Opep+, anunciada no domingo (2), foi baseada nos temores de uma demanda mais fraca por petróleo no mundo. Assim, os países vão produzir cerca de 1 milhão de barris a menos por dia até o fim do ano. E este anúncio levou o petróleo brent a subir e chegar aos US$ 84,93 nesta segunda.

“A iniciativa liderada pela Arábia Saudita é incomum e provavelmente elevará os preços do petróleo. Os cortes seguem uma queda acentuada nos preços do petróleo no mês passado após o colapso do Silicon Valley Bank dos EUA e a aquisição forçada do Credit Suisse pelo UBS, o que provocou temores de contágio nos mercados financeiros globais e uma queda significativa na demanda por petróleo”, disse o analista da Eleven Financial, Raphael Figueredo.

Mas após o anúncio de domingo da Opep, o grupo financeiro Goldman Sachs aumentou as previsões de preço para o barril de petróleo brent em 5 dólares, de US$ 90 para US$ 95 para dezembro de 2023, e de US$ 97 para US$ 100 para dezembro de 2024.

Inflação e juros

Os especialistas de mercado acreditam que o aumento do preço do barril de petróleo deve dificultar ainda mais a queda da taxa básica de juros no Brasil, que está em 13,75% para tentar controlar a inflação no país.

Como a gasolina e o diesel são usados no transporte de alimentos e de diversos outros produtos, o aumento desses combustíveis impactam os preços de várias cadeias produtivas. Neste cenário, o estrategista-chefe e sócio da Acqua Vero, Antonio van Moorsel, vê pouca chance de queda na Selic em 2023.

“Considerando uma maior pressão inflacionária, é natural conjecturar sobre a possibilidade de um ciclo de ajuste mais extenso ou uma manutenção da Selic em 13,75% por mais tempo, algo que já é o nosso cenário básico. Acreditamos que deve permanecer assim até o fim do ano, justamente por uma inflação que exacerba o desafio do Banco Central em ancorar as expectativas”, analisa.

Também nesta segunda-feira, o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, apontou um aumento na previsão de inflação para 2023 no Brasil, passando de 5,93% para 5,96%.

O Tempo

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