Novo ensino médio: mudanças na rotina da comunidade escolar
A recente aprovação da reforma do ensino médio pela Comissão da Educação do Senado marca um avanço significativo, prometendo mudanças profundas na rotina de estudantes, educadores, famílias e comunidades escolares. Para que essa implementação seja eficaz, é essencial o envolvimento coordenado dos entes federados, da comunidade escolar e das universidades, especialmente na formação de professores.
Principais Alterações no Texto Aprovado
- Ampliação da Carga Horária:
- Formação Geral Básica (FGB): De 1.800 para 2.400 horas.
- Carga Horária Anual do Ensino Médio: De 800 para 1.000 horas, distribuídas em 200 dias letivos.
- Possível Ampliação: Progressiva para 1.400 horas, com 70% para FGB e 30% para itinerários formativos.
- Formação Técnica e Profissional:
- A partir de 2029, as cargas horárias totais serão ampliadas de 3.000 horas para até 3.600 horas, dependendo da carga específica dos cursos técnicos.
Inclusão da Língua Espanhola
- Componente Curricular Obrigatório: A inclusão do espanhol, além do inglês, como idioma obrigatório no currículo.
- Outros Idiomas: Podem ser oferecidos conforme a influência local.
Desafios na Implementação
A professora Catarina de Almeida Santos, da Universidade de Brasília (UnB), aponta a necessidade de clareza nas divisões das cargas horárias e conteúdos apresentados. Destaca também a falta de definição nas áreas da educação profissional.
Itinerários Formativos
Os itinerários formativos, com carga horária mínima de 800 horas, são destinados a aprofundar áreas de conhecimento ou formação técnica. A professora Catarina de Almeida expressa preocupação com a possível diminuição da formação básica devido ao aumento da carga horária técnica.
Tempo Integral
O projeto reconhece a importância do tempo integral, propondo a ampliação da carga horária diária para os cursos técnicos. Gabriel Corrêa, da ONG Todos pela Educação, defende cargas horárias iguais para todas as frentes, evitando distinções que possam desestimular a escolha por cursos técnicos.
Notório Saber
Uma controvérsia do texto é a possibilidade de aulas ministradas por profissionais de notório saber, sem diploma específico de licenciatura. A educadora Catarina de Almeida vê risco na colocação de leigos nas salas de aula, enquanto a CNTE critica a permanência dessa possibilidade, mesmo em caráter excepcional.
Esforço Conjunto
A relatora Dorinha Seabra enfatiza a necessidade de um esforço conjunto entre governo federal, estados e municípios para melhorar a infraestrutura escolar. Gabriel Corrêa destaca que a aprovação é apenas o primeiro passo, com desafios subsequentes na preparação de infraestruturas, profissionais e materiais, além da comunicação efetiva com estudantes e famílias.
Aulas Noturnas
O relatório sugere a obrigatoriedade de pelo menos uma escola com ensino médio noturno regular por município, caso haja demanda comprovada, além da formação continuada de professores para garantir alinhamento com as novas diretrizes.
Reações e Perspectivas
O ministro da Educação, Camilo Santana, celebrou a aprovação, destacando o fortalecimento da formação técnica e a manutenção das 2.400 horas de formação geral básica. Ele enalteceu a reforma como um passo para tornar a escola pública mais atrativa e de qualidade para todos.
A aprovação pelo Senado é um passo crucial, mas a implementação das novas regras exigirá um esforço coordenado e gradual, com a participação ativa de toda a comunidade escolar para alcançar os objetivos propostos e melhorar a educação no Brasil.
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