Um levantamento recente do Greenpeace Brasil revelou preocupantes dados sobre o uso ilegal de fogo em propriedades rurais na Amazônia e no Cerrado. Entre 22 de julho de 2008 e 30 de junho de 2024, 133 propriedades embargadas por queimadas ilegais receberam crédito rural, uma linha de financiamento subsidiada pelo governo, com recursos públicos.
Na Amazônia, 116 das 122 propriedades financiadas voltaram a praticar queimadas em um período de seis anos, afetando uma área equivalente a 1,8 vezes o tamanho de Paris. Apesar das multas ambientais que totalizaram R$ 58 milhões, apenas 0,1% desse valor foi pago.
Outro estudo do Greenpeace, realizado em abril, revelou que 10.074 propriedades localizadas em Unidades de Conservação na Amazônia e 798 imóveis com embargos por crimes ambientais obtiveram crédito rural. Além disso, 24 propriedades em Terras Indígenas também foram beneficiadas, em desacordo com a legislação ambiental.
O Greenpeace argumenta que a falta de critérios rigorosos para concessão de crédito incentiva a continuidade de práticas destrutivas, mesmo em áreas protegidas. Sem mudanças concretas nas normas de financiamento e maior responsabilidade das instituições financeiras, o avanço do desmatamento e das queimadas no Brasil continuará, comprometendo a biodiversidade e os compromissos ambientais globais.