Em menos de um mês, o fogo devastou 2,5 milhões de hectares da Amazônia, segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ). Esse número é significativamente maior que a média histórica de 1,4 milhões de hectares queimados no mesmo período. Desde o início do ano, mais de 4,1 milhões de hectares da floresta já foram atingidos por incêndios.
Na última semana, o monitoramento realizado pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), detectou uma alta concentração de gases poluentes que se estendeu da Amazônia até o Sul do Brasil, abrangendo dez estados. Além disso, os níveis dos rios na região indicam uma seca extrema, que pode se agravar em setembro, com o início do período mais crítico de estiagem.
Após uma reunião extraordinária do governo federal no domingo (25), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que os incêndios na Amazônia, Pantanal e no Sudeste do país estão sendo agravados pelas condições climáticas extremas, mas também apresentam um comportamento atípico que pode sugerir ação criminosa.
“Assim como tivemos o ‘dia do fogo’, há uma forte suspeita de que algo semelhante esteja acontecendo novamente. No Pantanal, há semanas com até dez frentes de incêndio, e na Amazônia, o mesmo padrão foi identificado. Em São Paulo, é anormal que, em poucos dias, surjam tantas frentes de incêndio envolvendo múltiplos municípios ao mesmo tempo”, explicou a ministra.
O evento mencionado por Marina Silva remete a 2019, quando, entre 10 e 11 de agosto, o Inpe detectou 1.457 focos de calor no estado do Pará. Naquele ano, o Ministério Público Federal acusou fazendeiros de organizarem uma queimada em massa como forma de apoiar o desmonte das políticas ambientais.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou que, além dos 29 inquéritos abertos na Amazônia e no Pantanal, foram iniciadas mais duas investigações em São Paulo para apurar possíveis incêndios criminosos em áreas de propriedade da União.