Estabelecimentos forneciam refeições há mais de 20 anos no local.
Da Redação BBN
Uma ação covarde. É assim que estão denominando os proprietários das barracas que foram demolidas na noite de segunda feira (7), na rua Irará, transversal à Estrada do Coco, em Lauro de Freitas. Na terça pela manhã, ao chegar ao local onde há mais de 20 anos eles atuavam como uma espécie de restaurantes populares, o cenário que se via era de terror. Entulhos, concreto e ferros retorcidos. Todo o equipamento, inclusive, móveis, freezers, geladeiras e fogões foram destruídos.
A rua fia em uma região comercial, com diversos galpões e lojas. Câmeras de segurança de empresas próximas filmaram o que aparenta ser uma ação coordenada que resultou na demolição completa das três barracas.
Por volta das 21h17, dois veículos do tipo caminhonete são vistos averiguando o local, aparentemente para ver se havia alguém dentro das barracas. A filmagem registra também a presença de uma viatura da polícia militar.
Na sequência a cena que impressiona: uma retroescavadeira chega e em cerca de 16 minutos, bota abaixo o sonho e o ganha pão de diversas famílias, sem nenhum comunicado prévio, aviso ou motivo aparente. Nas imagens não dá pra identificar a placa do veículo. Procurada por nossa reportagem, a prefeitura de Lauro de Freitas afirmou desconhecer o fato e não ter nenhuma responsabilidade sobre o ocorrido.
Os proprietários assustados e desesperados, afirmam que não imaginam a motivação da ação. “É uma sensação lamentável, saber que tudo que nós construímos, chegou uma pessoa sem coração e simplesmente destruiu tudo, inclusive de onde a gente tirava o pão de cada dia”, afirmou a senhora Nair Gonçalves, 64 anos, há 23 anos proprietária de uma das barracas que funcionava como restaurante. “O prejuízo em si eu nem tenho noção, mas é muita coisa”, complementou.
Muito nervosa, a senhora Tânia Tavares buscava entender o que havia acontecido. “Estou passando mal, aqui é meu ganha pão, não tenho outra renda. Há 12 anos eu tinha essa barraca. Foi um choque chegar aqui e ver tudo derrubado”, afirmou aos prantos. “Só espero que quem fez isso aí, dê providencia sobre nossas coisas, tudo destruído” apelou a barraqueira.
Os proprietários tentaram prestar uma queixa na polícia, mas, estranhamente, não puderam registrar uma ocorrência, pois, segundo o oficial responsável, a ação de demolição não configura delito, já que não houve roubo ou arrombamento. Eles questionam o argumento, já que seus patrimônios e locais de trabalho foram totalmente destruídos, numa clara ação violenta, irregular e criminosa.
Eles também procuraram a prefeitura que até agora não se pronunciou sobre o fato, nem mesmo se manifestou em busca de uma solução para a retirada dos entulhos que estão espalhados na rua. Mesmo abalados, os barraqueiros garantem que não vão desistir até acharem os culpados e que irão reconstruir os estabelecimentos e voltar a trabalhar em busca da dignidade e do sustento de suas famílias.
Confira a matéria na íntegra com o repórter Paulo Silva: