Especialista diz que cenário é preocupante e destaca necessidade de mudanças urgentes na segurança pública do estado
Líder em índices de violência no Brasil, a Bahia enfrenta um grave déficit no efetivo da Polícia Militar, segundo novo parecer técnico do Tribunal de Contas do Estado (TCE) divulgado nesta quinta-feira (7). O relatório revela que o estado possui 14.595 policiais a menos do que o mínimo necessário para garantir a segurança pública de forma eficaz. O número é ainda mais alarmante quando comparado ao parâmetro recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que sugere um policial para cada 250 habitantes.
Com base nos dados do último censo do IBGE, a Bahia tem cerca de 14,8 milhões de habitantes, o que exigiria um contingente de aproximadamente 59,4 mil policiais. No entanto, o efetivo atual é de apenas 31.221, representando um déficit de 47,43% em relação ao ideal. Esse abismo entre o necessário e o disponível compromete o combate à criminalidade em todas as regiões do estado, especialmente no interior.
Para o especialista em segurança pública e professor de Direito Penal, Luciano Bandeira Pontes, o problema é antigo e se agrava com a falta de políticas públicas consistentes. “Há aposentadorias, mortes em serviço, afastamentos, e o estado não acompanha essa evasão com novos concursos públicos. O déficit aumenta ano após ano”, afirma em conversa com o bahia.ba. Ele chama atenção para cidades do interior que sequer possuem delegados e onde poucos policiais precisam atender a toda a demanda local.
Apesar de reconhecer que o governo estadual tem feito contratações e anunciado investimentos, o especialista acredita que medidas pontuais não são suficientes. “A PM não tem treinamento adequado, faltam viaturas e os salários são baixos. Isso desmotiva a tropa. Hoje, muitos policiais saem para o enfrentamento com medo de serem punidos administrativamente. É uma tropa acuada, e isso precisa ser urgentemente repensado”, critica.