Brasil investiga novos focos de gripe aviária e enfrenta suspensão de exportações por ao menos 10 mercados
O Brasil está em alerta com a identificação de novos casos suspeitos de gripe aviária (H5N1) em cinco estados e a confirmação do primeiro foco da doença em uma granja comercial, no Rio Grande do Sul. A situação já afeta diretamente o comércio internacional de carne de frango e ovos, com nove países e a União Europeia suspendendo total ou parcialmente as importações brasileiras.
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), os novos focos suspeitos estão sendo monitorados nos estados de Santa Catarina, Mato Grosso, Tocantins, Ceará e Sergipe. Duas dessas ocorrências, em Imbituba (SC) e Aguiarnópolis (TO), foram registradas em granjas comerciais, o que aumenta a preocupação do governo e do setor produtivo.
Casos sob investigação e impacto direto na produção
Na segunda-feira (19), um novo caso foi incluído no sistema de vigilância em Salitre (CE), em uma propriedade de subsistência. O local não comercializa produção, mas a suspeita é levada com seriedade pelas autoridades. O primeiro foco confirmado em granja comercial ocorreu em Montenegro (RS), onde cerca de 17 mil aves foram afetadas — parte morreu e o restante foi sacrificado.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, decretou estado de emergência zoossanitária por 60 dias na região e afirmou que, se novos focos não surgirem, o Brasil poderá declarar erradicada a gripe aviária em até 28 dias, o que permitiria a retomada das exportações.
Atualmente, dois focos ativos continuam sendo monitorados no Rio Grande do Sul: um em Montenegro, em uma propriedade de subsistência próxima à granja comercial, e outro em Sapucaia do Sul.
Exportações suspensas por grandes compradores
Até o momento, dez mercados internacionais anunciaram suspensões totais ou preventivas de importações de frango e ovos do Brasil:
- China
- União Europeia
- Argentina
- Chile
- Uruguai
- México
- Canadá
- África do Sul
- Coreia do Sul
- Japão
A suspensão de exportações afeta diretamente a economia do setor avícola, especialmente o Rio Grande do Sul, terceiro maior exportador de carne de frango do país.
Risco de contaminação e recomendações
O governo reforça que a gripe aviária não é transmitida por carne ou ovos inspecionados. O risco de infecção humana é considerado baixo e se restringe a pessoas que tenham contato direto com aves infectadas, vivas ou mortas.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) orienta que a população evite contato com aves doentes ou mortas e comunique imediatamente às autoridades sanitárias caso encontre animais com sintomas suspeitos.
Efeitos econômicos e preços no mercado interno
Com as exportações temporariamente bloqueadas, há preocupação com os reflexos nos preços internos. De acordo com André Braz, coordenador de índices de preços da FGV Ibre, há dois possíveis cenários:
- Cenário 1: A superoferta no mercado interno pode pressionar os preços para baixo.
- Cenário 2: A queda acentuada nos preços pode tornar a produção inviável economicamente, levando à redução da oferta e, posteriormente, ao aumento dos preços.
Além disso, a alta do dólar nesta segunda-feira (19/5) reflete a inquietação dos investidores diante dos impactos da gripe aviária sobre um dos principais setores do agronegócio brasileiro.
O Brasil, que ainda está no nível 3 de gravidade no plano internacional de contingência para gripe aviária (em uma escala de 1 a 5), tenta conter o avanço da doença para evitar impactos mais severos na economia e na saúde pública.