Conmebol rebate CBF e expõe voto contra aumento de sanções por racismo
A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) rebateu, nesta segunda-feira (24), o protesto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre a condução de ações contra o racismo. Em resposta oficial, a entidade sul-americana destacou que a própria CBF votou contra o aumento das sanções financeiras para clubes envolvidos em casos de discriminação.
De acordo com o jornal O Globo, a CBF havia solicitado mudanças no Estatuto e no Código Disciplinar da Conmebol para endurecer punições contra atos racistas. No entanto, o documento enviado pela entidade sul-americana relembrou que a confederação brasileira se opôs ao aumento das multas aplicadas a clubes em votações anteriores.
“Com relação à proposta reiterada pela CBF quanto à modificação do Estatuto e do Código Disciplinar, vale respeitosamente lembrar que foi a própria CBF quem, na ocasião, manifestou oposição ao aumento dos valores de sanções estabelecidos”, diz um trecho do ofício.
Além disso, a Conmebol pontuou que a CBF assinou anteriormente uma carta conjunta contra o racismo, junto com as outras federações sul-americanas, mas depois discordou da forma como as medidas estavam sendo aplicadas. A confederação brasileira defende que a Libertadores e a Copa Sul-Americana adotem o protocolo antirracismo da FIFA, que prevê punições mais severas para clubes e torcedores envolvidos em atos discriminatórios.
A Conmebol, por sua vez, reforçou que suas penalidades estão alinhadas aos padrões internacionais e são mais rígidas do que muitas aplicadas em outras confederações. Além disso, a entidade afirmou que os valores arrecadados com as multas são direcionados para ações de responsabilidade social e combate à discriminação.
Caso recente reacendeu debate
O debate sobre o combate ao racismo no futebol sul-americano ganhou força após um episódio ocorrido no dia 6 de março, na Libertadores Sub-20. Durante o jogo entre Cerro Porteño e Palmeiras, no Paraguai, o jogador brasileiro Luighi foi vítima de insultos racistas e gestos imitando macaco por parte de torcedores paraguaios.
O caso gerou revolta e pressão para que a Conmebol endurecesse suas punições, reacendendo o debate sobre as medidas contra o racismo no futebol. A confederação sul-americana já aplicou sanções a clubes em situações semelhantes, mas muitos consideram as penalidades ainda brandas diante da gravidade do problema.
A divergência entre CBF e Conmebol sobre o combate ao racismo evidencia um impasse que pode impactar diretamente as competições sul-americanas e a aplicação de medidas mais rígidas contra discriminação nos estádios.