Crise política amplia tensão comercial entre Brasil e EUA após prisão de Bolsonaro, avaliam analistas
A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pode agravar o cenário político e econômico do Brasil, especialmente no campo das negociações comerciais com os Estados Unidos. A avaliação é do analista de investimentos Alison Correia, da Dom Investimentos, que aponta impactos diretos na relação bilateral às vésperas da entrada em vigor da tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros.
Embora o mercado financeiro não tenha sido surpreendido pela medida – que já era considerada iminente diante do avanço do processo no STF –, o efeito colateral mais preocupante, segundo Correia, é o endurecimento do diálogo entre Brasília e Washington. “Está claro que Bolsonaro não será considerado inocente. A sentença parece apenas uma questão de tempo”, pontuou.
Correia também destaca que a decisão judicial pressiona a direita brasileira a buscar uma nova liderança com vistas às eleições de 2026. O nome mais forte neste momento, segundo ele, é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto com bons olhos pelo mercado e setores conservadores. “O mercado já começa a se mover nesse sentido”, avalia.
Diplomacia sob pressão
O impacto da prisão, no entanto, vai além do cenário político interno. A reação do governo dos EUA à decisão do STF – com críticas a possíveis violações de direitos humanos – coloca em risco as negociações comerciais lideradas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que vinha buscando exceções à nova política tarifária americana.
A administração Trump, que inicialmente deu sinais de disposição para diálogo ao adiar por uma semana a vigência das tarifas e poupar mais de 600 produtos brasileiros, pode agora recuar diante do agravamento da crise institucional no Brasil.
Correia ainda alerta para o risco de instabilidade nas relações exteriores diante de episódios como a prisão de Bolsonaro e o retorno de nomes históricos do PT, como José Dirceu, a cargos de influência dentro do partido. “O clima político se torna ainda mais sensível”, completa.
Repercussão internacional
Veículos da imprensa internacional, como The Wall Street Journal, The Washington Post e The New York Post, já destacam a prisão de Bolsonaro como elemento-chave para uma nova escalada na tensão Brasil-EUA, rompendo o que parecia ser uma trégua diplomática em construção.
Agora, com a entrada em vigor das tarifas marcada para esta quarta-feira (6) e um cenário político interno cada vez mais turbulento, analistas temem não só pelo futuro das negociações comerciais,