Entregador relata racismo e agressão em lava-jato no bairro Buraquinho

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Jornal A tarde

O entregador Wesley Israel, de 19 anos, que trabalha em uma loja de conveniência, denunciou ter sido vítima de racismo na última sexta-feira (27), em um lava-jato próximo à Praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas.

Wesley contou que, além do ataque racista, ainda foi agredido fisicamente com um soco desferido por um dos profissionais do estabelecimento, identificado como Ricardo Barraza.

Segundo Wesley, as agressões começaram quando ele precisou ir ao galpão recolher os galões de água mineral para fazer as entregas. O depósito fica no mesmo terreno do lava-jato. Inicialmente, o entregador relatou que Ricardo teria deixado ele preso no portão de forma proposital. Ainda de acordo com ele, o comportamento violento do acusado vinha se repetindo desde quando começou a trabalhar no local há três meses.

“Não é de agora que ele vinha tendo esse tipo de comportamento comigo. Dessa vez, eu fui para o galpão da loja que é compartilhado com eles. Estava no meu ambiente de trabalho e quando fui entrar com a moto ele fechou o portão e eu fiquei prensado. Aí eu perguntei porque ele fez isso. Eu falei: ‘Como você faz isso? É uma sacanagem’. Aí ele abriu os braços como se não tivesse nada com aquilo. Aí eu me expressei naquele momento, em nenhum  momento xinguei ele, mas a situação. Aí falei: ‘Que desgraça. Como você faz isso?’. Eu saí do local, mas depois precisei retornar porque tinha outras entregas para fazer e fui buscar os galões de água. Nesse momento, ele começou a me agredir verbalmente. Começou a falar quem eu era para falar com ele e me chamou de preto, de neguinho. Que eu não era ninguém perto dele. Começou a me agredir com diversas palavras e eu fiquei constrangido. Não entendia o porquê. Falou até que se eu queria que ele me matasse ali”, desabafou .

Além da busca por medidas judiciais em relação ao caso, Wesley declarou que planeja um ato em repúdio ao racismo e às agressões sofridas por ele no lava-jato. A ação está prevista para acontecer na próxima terça-feira, 2, na região do estabelecimento. “Eu espero que a Justiça seja feita e ele pague pelo que fez comigo. Foi um ataque de ódio pela minha cor. Não era questão de briga, era questão de ódio pela minha cor, minha raça. Pretendo fazer cartazes de combate ao racismo porque isso é inaceitável”, frisou.

A Polícia Civil informou que há dois registros referentes ao caso na 23ª DT de Lauro de Freitas. No primeiro, um homem relatou ter sido agredido com um soco pelo dono de um lava-jato. Já no segundo, o comunicante informa que apenas reagiu à ação do primeiro e que está sendo ameaçado por ele. A unidade vai apurar as denúncias.

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