Estudo aponta que Brasil desperdiça água suficiente para abastecer 54 milhões de pessoas

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Um estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, com base em dados públicos do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), revelou que o volume de água tratada desperdiçada por vazamentos na distribuição seria suficiente para abastecer cerca de 54 milhões de pessoas. Em 2022, foram mais de 3,6 bilhões de metros cúbicos de água potável desperdiçados, apenas em perdas físicas.

Segundo a matéria da Folha de São Paulo, a estimativa total de água não faturada atinge 7 bilhões de metros cúbicos, equivalente a quase 7.636 piscinas olímpicas desperdiçadas diariamente. Esse valor inclui perdas comerciais, erros de medição e furtos de água. Em 2022, aproximadamente 37,8% da água distribuída no Brasil foi perdida antes de chegar às residências, uma taxa 20 pontos percentuais acima da média dos países desenvolvidos, que é de 15%. O Instituto Trata Brasil atribui 60% do problema às perdas físicas.

“Com esse mesmo volume [3,6 bilhões de metros cúbicos], seria possível abastecer os 17,9 milhões de brasileiros que vivem em favelas por mais de três anos. Ao meio ambiente, a redução dessas perdas implicaria a disponibilidade de mais recursos hídricos para a população sem a necessidade de captação em novos mananciais”, destaca o estudo.

Luana Pretto, presidente do Instituto Trata Brasil, afirma que é impossível reduzir as perdas a zero devido a limites técnicos e econômicos. Contudo, é possível diminuir significativamente as perdas para atingir a meta fixada pelo governo, desde que haja investimentos adequados.

“A média de investimento no Brasil é de R$ 111 por habitante por ano. Deveríamos estar investindo R$ 231 por habitante por ano. Existe uma correlação direta entre investimento, acesso ao saneamento básico e redução de perdas. Atualmente, o investimento é insuficiente. Não há um plano estruturado de redução e, por outro lado, muitas pessoas ainda não têm acesso ao saneamento.”

Pretto enfatiza a urgência de atenção das autoridades, especialmente diante das catástrofes causadas pelas mudanças climáticas.

“A vazão e o regime de chuvas que tivemos no passado não serão os mesmos no futuro. Não podemos garantir que a vazão média de um rio será a mesma daqui a dez anos. Por isso, precisamos reduzir as perdas para garantir um volume maior de água no sistema de distribuição. A população continuará crescendo e consumirá mais água.”

Com base nesse cenário, a redução das perdas de água tratada é crucial para garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos e atender à crescente demanda da população brasileira.

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