II Edição do Ecoturismo no Quingoma movimentou a região.

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Na primeira cidade do Litoral Norte há uma comunidade que nos impressiona pelos seus mistérios, encantos e belezas. Ela guarda marcas das principais tradições ancestrais que nos constituem: A africana e indígena.

Referimo-nos ao território educativo do Quingoma, Lauro de Freitas (BA), onde aconteceu no último sábado (13) a II Edição do Ecoturismo de Base Comunitária. Tal projeto tem como objetivos primordiais valorizar a memória coletiva, a territorialidade, as línguas reminiscentes, bem como os marcos civilizatórios e as práticas culturais dos quilombolas e indígenas da localidade, além de promover a geração de renda para as famílias tradicionais.
A programação da II Edição envolveu mais de noventa professores da Rede Pública de Salvador, Camaçari, Simões Filho, Mata de João, Pojuca e Lauro de Freitas, que tiveram a incrível experiência de conhecer a riqueza cultural que há no território. Participaram também da atividade importantes ativistas da economia solidária, agricultura familiar e ecogastronomia como Alan Tienfense (UNISOL), Ronaldo Rodrigues ( SUAF-SDR), Vladimir Organauskas (CAR-SDR), Alberto Viana ( TURISOL) e Rose Braga ( Rede de Turismo Étnico de Camaçari).

De acordo com a coordenadora pedagógica da Escola Municipal Eurides Santana, Lívia Bispo Almeida, o projeto é extremamente importante para rede de Lauro de Freitas, pois possibilita a valorização da história e cultura locais e o fortalecimento da ideia de preservar cada vez mais a herança indígena e africana no Brasil.

Na Casa do Samba, primeira parada do roteiro étnico turístico, os educadores foram acolhidos com a rica fala da liderança Quilombola Rejane Pereira, que explanou sobre o histórico de luta pela manutenção da cultura local. Em seguida, os presentes participaram da dinâmica “corpo-natureza” orientada pela psicóloga e mestra em Educação pela UFBA, Miliane Tahira, bem como apreciaram a exposição fotográfica: “Quingoma: A História de um povo Afro descendente” organizada pelos fotógrafos Amilton Castro e Gustavo Busson. Nesse mesmo espaço houve a vivência com o Samba de Roda, principal tradição da comunidade e uma mostra musical realizada pelos renomados músicos Cassiano Faleta, Pedro Neto, Claúdia Gomes e Augusto Conceição. Na segunda parada do roteiro, os turistas foram para a Feira de Agriculta Familiar onde eles interagiram com os feirantes e compraram os produtos da região, movimentando a economia local. “A comunidade está em plena festa. O ecoturismo estimulou ainda mais os produtores locais, com essa parceria a nossa Feira se fortalece e cresce em força, beleza e união.”[sic] Sinalizou Fabiana Silva do Santos, coordenadora da Feira de Agricultura Familiar do Quingoma.

A terceira parada foi na Reserva Thafene onde os educadores assistiram uma apresentação do Toré realizada pelos Kariri- Xocó e Fulnio, além de participarem de uma roda de diálogos mediada pelo líder da Reserva Tháfene, o indígena Wakay Fontes. A liderança falou sobre a importância do autoconhecimento para a cura interior. Participaram também dessa etapa Tamykuã, representante da Coordenação de Educação Escolar Indígena da Bahia- CIN-SEC e Marcos Eudes, representante da Associação Tupinamba de Camaçari.
A última parada foi no espaço ecumênico de Dona Ana, uma importante liderança local, que falou sobre as histórias do Quilombo antigo. Para finalizar a programação os turistas foram contemplados com a belíssima apresentação das Beijuzeiras de Areia Branca, no qual elas retrataram por meio da dança, poesia e música, o modo de vida tradicional.

De acordo com a educadora quilombola Gildete Melo, coordenadora do grupo das Beijuzeiras, “O Ecoturismo é também uma forma de compartilhar e expandir saberes sobre a História do povo preto do Quilombo Kingoma e comunidades que se formaram no entorno dos Engenhos que existiam na região, é também um projeto grandioso por possibilitar uma economia solidária”

O Ecoturismo é realizado pelo Coletivo Quingoma em parceria com o grupo de pesquisa Gipres da Universidade do Estado da Bahia. Tal projeto é um desdobramento da pesquisa de mestrado (Vozes do Quingoma) de autoria de Tássio S. Cardoso e orientada pelo Dr. Natanael Reis Bomfim (UNEB), que buscou identificar e refletir sobre as práticas sociais locais e suas implicações no currículo escolar. Esse trabalho de investigação durou dois anos e contou com a colaboração direta de mais de 60 famílias quilombolas e 20 indígenas, além dos professores que atuam nas unidades de ensino da região.

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