Indústria reage à nova alta da Selic e acusa Banco Central de sufocar a economia
O aumento da taxa Selic para 15% ao ano, anunciado ontem (18) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), provocou duras críticas das principais entidades industriais do país. Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) qualificou o reajuste de “injustificado” e “um golpe na competitividade”, ao lembrar que o Brasil não via juros tão altos desde 2006.
“A irracionalidade dos juros, somada à pesada carga tributária, já sufoca a capacidade produtiva”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI, que também questionou a incoerência do BC ao condenar o aumento do IOF enquanto intensifica o aperto monetário.
A confederação citou o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), que completa seis meses em terreno pessimista, algo não visto nem na pandemia.
Federações estaduais engrossam o coro
- Firjan (RJ) classificou a decisão como “inadmissível”, argumentando que cada ponto adicional de juros “mina a produção e inviabiliza o crescimento sustentável”. A federação cobrou uma agenda fiscal que reduza a rigidez orçamentária e abra espaço para investimento público.
- Fiemg (MG) criticou a elevação “apesar dos sinais de desaquecimento econômico” e alertou para impactos sobre emprego, renda e competitividade. Para o presidente Flávio Roscoe, é preciso “conciliar controle da inflação com estímulo ao crescimento”.
Risco de freio nos investimentos
As entidades alertam que a nova Selic encarece o crédito, freia a expansão industrial e pode provocar desemprego. O setor pede que o BC considere “efeitos defasados” do aperto já em curso e busque equilíbrio entre estabilidade de preços e estímulo à economia real.