O número de pedidos de recuperação judicial no agronegócio brasileiro deu um salto expressivo no primeiro trimestre de 2025, refletindo o cenário financeiro desafiador enfrentado por produtores. De acordo com levantamento da Serasa Experian, divulgado nesta terça-feira (15), foram 389 solicitações, alta de 44,6% em relação ao mesmo período de 2024 e de 21,5% na comparação com o último trimestre do ano passado.
A maior pressão veio dos produtores rurais pessoa física, que somaram 195 pedidos – crescimento de 83,9% frente ao primeiro trimestre de 2024, quando foram registrados 106 casos. Em relação ao quarto trimestre de 2024 (140), o aumento foi de 39,2%.
Segundo Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa, esse avanço é consequência de um cenário marcado por oscilações nos preços das commodities, dificuldade de acesso ao crédito e exigência crescente de garantias. “Muitos produtores enfrentam custos altos, prazos longos para receber, exigência crescente de garantias e dificuldade para rolar dívidas”, pontuou.
A categoria mais atingida inclui arrendatários e produtores sem posse formal da terra, que são os mais vulneráveis dentro do setor e enfrentam restrições maiores no mercado financeiro.
Produtores pessoa jurídica e agroindústria também sentem impacto
Entre as pessoas jurídicas, o total de pedidos chegou a 113 no 1º trimestre, uma alta de 31% frente ao mesmo período do ano passado (86). Os segmentos mais afetados foram o de criação de bovinos, com 42 solicitações, e cultivo de soja, com 59 pedidos.
Já as empresas da cadeia agroindustrial registraram 81 pedidos de recuperação judicial entre janeiro e março, aumento de 15,7% em relação ao trimestre anterior (70) e 5,1% na comparação anual (77).
Cenário geral ainda é de baixa incidência
Apesar da forte alta, o número ainda representa uma pequena fração do universo de aproximadamente 1,4 milhão de produtores que tomaram crédito nos últimos dois anos. Ainda assim, os dados acendem um alerta sobre a sustentabilidade financeira do setor, especialmente entre pequenos e médios produtores, em meio a um mercado cada vez mais exigente e volátil.