Seis jornalistas mortos em ataque israelense em Gaza; Al Jazeera e organizações denunciam crime contra a imprensa
O número de jornalistas mortos no bombardeio israelense que atingiu, no domingo (10), uma tenda de imprensa na entrada de um hospital na Faixa de Gaza subiu para seis. A confirmação veio nesta segunda-feira (11), com o anúncio da morte do fotojornalista freelancer Mohammed al Khaldi, feita pelo diretor do hospital Al-Shifa, Mohammed Abu Salmiya, e confirmada pela Defesa Civil local.
Entre as vítimas está Anas al Sharif, 28 anos, um dos correspondentes mais conhecidos da Al Jazeera na cobertura do conflito. O Exército israelense afirmou que ele integrava uma célula terrorista, divulgando imagens e documentos para sustentar a acusação. A emissora e organizações de defesa da imprensa, como a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), rejeitam categoricamente a versão, classificando o ataque como um crime deliberado contra jornalistas.
Segundo a RSF, cerca de 200 profissionais de imprensa foram mortos em Gaza desde o início da guerra, há 22 meses. “Anas era a voz do sofrimento imposto aos palestinos”, afirmou a ONG, que se disse “horrorizada” com a ofensiva. O Sindicato de Jornalistas Palestinos chamou o episódio de “crime sangrento”.
Cinco dos mortos no ataque eram funcionários da Al Jazeera: além de Anas al Sharif e Mohammed al Khaldi, foram identificados o repórter Mohammed Qreiqeh e os cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa. O Catar — sede da emissora — e o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos também condenaram a ação.
O bloqueio de Gaza torna o trabalho da imprensa internacional dependente de repórteres palestinos. Desde o início da ofensiva israelense, jornalistas estrangeiros só entram esporadicamente, sob escolta militar e com censura. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou a intenção de permitir a presença de correspondentes estrangeiros acompanhados pelo Exército, mas não apresentou prazo.
Imagens do local do ataque mostram colchões ensanguentados, equipamentos destruídos e um muro crivado de estilhaços. Os funerais dos cinco profissionais da Al Jazeera ocorreram nesta segunda-feira, na Cidade de Gaza. A emissora afirma que o bombardeio faz parte de uma tentativa de silenciar vozes críticas e lembra que, desde o início da ofensiva em outubro de 2023, dez de seus jornalistas foram mortos. Em maio de 2024, Israel proibiu a transmissão da Al Jazeera e fechou seus escritórios no país.