Trump decreta intervenção federal inédita em Washington; oposição vê medida autoritária
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decretou nesta segunda-feira (11) uma intervenção federal inédita em Washington, alegando aumento da violência, presença de gangues e alto número de pessoas em situação de rua. Amparado na Seção 740 da Lei de Autonomia do Distrito de Columbia, dispositivo nunca antes usado com esse objetivo, ele assumiu por 30 dias o controle direto da polícia da capital, podendo estender o prazo com aval do Congresso.
A decisão foi motivada, segundo Trump, por um assalto a um jovem de 19 anos funcionário do Departamento de Eficiência Governamental — órgão criado e antes chefiado por Elon Musk. No entanto, o presidente apresentou dados de criminalidade que divergem dos números oficiais, que mostram queda nos índices desde 2015.
“Washington, D.C. será libertada hoje! O crime, a selvageria e a escória vão desaparecer”, publicou Trump em sua rede Truth Social, batizando a operação de “Dia da Libertação Nacional” e prometendo ações duras, como remoção de acampamentos de sem-teto e patrulhas noturnas do FBI. Até esta quarta-feira (13), 800 soldados da Guarda Nacional e 120 agentes federais já haviam sido enviados.
Reações e críticas
A prefeita Muriel Bowser classificou a medida como “perturbadora, autoritária e sem precedentes” e prometeu contestá-la judicialmente. Parlamentares democratas afirmam que a intervenção tem motivação política, já que a cidade é governada pelo partido há décadas. Trump também mira críticas a outras metrópoles democratas, como Nova York, São Francisco e Los Angeles.
Para especialistas, a escalada de presença militar não resolve problemas sociais como a falta de moradia e pode abrir precedente para ações semelhantes em outras cidades.
Possível distração
Analistas ainda veem na medida uma tentativa de desviar o foco da pressão para que Trump libere documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein — tema que tem gerado cobrança tanto de opositores quanto de aliados.