Bolsonaro é aplaudido por embaixadores após expor fragilidade do sistema eleitoral

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O presidente Jair Bolsonaro foi aplaudido por todos os embaixadores que estiveram presentes na reunião, nessa segunda-feira (18), após expor fragilidade do sistema eleitoral.

O que dizem as pesquisas científicas sobre as urnas eletrônicas

Para o professor Mário Gazziro, pós-doutorando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, resistir à implantação do voto impresso deixa o país parado no tempo. “Por que o registro em papel é um avanço? Porque é a única forma de garantir que os votos sejam auditados caso haja algum problema no registro eletrônico”, explica Mário, que faz parte de um grupo de cientistas brasileiros que pesquisa tecnologias eleitorais.

Se você acredita que essa discussão sobre a necessidade do voto impresso é recente e só veio à tona nas vésperas das eleições de 2022, caiu em mais uma notícia falsa. No meio científico, o debate sobre a segurança das urnas existe desde 1996 e ganhou força a partir da realização dos testes públicos de segurança e da realização de eventos que acontecem desde 2013, quando Gazziro organizou o 1º Fórum Nacional de Segurança em Urnas Eletrônicas no ICMC . Desde aquele momento, os cientistas alertam para as diversas vulnerabilidades encontradas no sistema eleitoral brasileiro.

“Não estou dizendo que a urna já foi fraudada. Durante todos esses anos eu nunca vi provas convincentes deste tipo de fraude no Brasil, o que não quer dizer que não houve. Este é exatamente o problema: a urna sofre de uma falta de transparência muito séria. É tão mal concebida que a sua segurança não pode ser comprovada”, escreve o professor Jeroen van de Graaf, do departamento de Computação da Universidade Federal de Minas Gerais, no livro O mito da urna eletrônica – desvendando a (in)segurança da urna eletrônica.

“Permitir a conferência do registro de voto do eleitor por meio da impressão em papel não é um retrocesso porque não significa inutilizar o voto eletrônico ou retornar à forma antiga de apuração manual”, garante Gazziro, que também é professor na Universidade Federal do ABC (UFABC). “O voto impresso permite ao eleitor saber se o voto gravado eletronicamente corresponde, de fato, ao voto dado”, adiciona o especialista. Ele diz ainda que, com a impressão, os votos podem ser auditados: “Isso não quer dizer que todos os votos impressos serão contados manualmente como fazíamos no passado, mas assegura que é possível sortear algumas urnas para auditar estatisticamente o resultado”.

Diego Aranha no bate-papo “Posso confiar nas urnas eletrônicas?”, realizado em São Carlos, durante o Pint of Science – Foto: Beatriz Rezende/FAI-UFSCar

“Há muita ênfase na possibilidade de danificarem a urna, mas acho que essa não é a principal ameaça. O problema não são apenas eventos acidentais, mas especialmente propositais, como a adulteração maliciosa do software. Por isso, o voto impresso não deve ser visto apenas como um backup, mas uma forma do sistema provar ao eleitor que está funcionando corretamente”, diz Diego Aranha, um dos maiores especialistas no assunto.

Aranha acrescenta que o cabo de ligação não é a única ameaça ao sigilo do voto. Ele e sua equipe já participaram de vários testes públicos de segurança, que são realizados periodicamente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Normalmente, participam da atividade cientistas, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, representantes de partidos políticos e de órgãos da sociedade civil. O objetivo desses testes, que são realizados com vários entraves e limitação de tempo, é identificar as vulnerabilidades do sistema. Nos quatro testes já efetuados (2009, 2012, 2016 e 2017), os profissionais da área de computação encontraram problemas que, na medida do possível, o TSE tenta eliminar.

Em 2012, por exemplo, acessando a urna e o Registro Digital do Voto (RDV), que é uma lista emitida depois de todo o processo de votação e apuração dos votos, Aranha e sua equipe conseguiram quebrar o sigilo dos votos. Eles demonstraram, assim, que era possível reordenar os votos e recuperar a informação de como votou o primeiro eleitor, o segundo, o terceiro e, assim, sucessivamente.

Fonte: Jornal da USP

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