AdelmA?rio Coelho diz: DescaracterizaA�A?o do SA?o JoA?o A� ‘culpa’ do poder pA?blico

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Foto: DivulgaA�A?o

ApA?s 23 anos de carreira musical, AdelmA?rio Coelho segue sendo uma das maiores referA?ncias e marcas do chamado “forrA? de raiz” ou “forrA? tradicional” aqui da Bahia. Basta ouvir os primeiros acordes de sucessos como “Seu eu morasse aqui pertinho”, “O NenA�m”, “Amor nA?o faz mal a ninguA�m” e “NA?o fale mal do meu paA�s” que muita gente jA? sente o clima junino no ar, em que o ritmo popularizado por Luiz Gonzaga e Dominguinhos A� prioridade. Ou deveria ser. Em 2017, um novo fenA?meno vem chamando atenA�A?o nas redes sociais. Com a predominA?ncia de atraA�A�es sem ligaA�A�es diretas com a festa, como o sertanejo, pagode e funk, fA?s dos tradicionais ritmos juninos tA?m se mostrado insatisfeitos e a campanha #DevolvaMeuSA?oJoA?oA� vem ganhando forA�a. O forrozeiro jogou a responsabilidade de manter as tradiA�A�es culturais ao poder pA?blico.

Uma festa privada vai colocar efetivamente quem estA? na crista da onda, quem tA? lA? em cima. Isso A� claro. PorA�m, A� privada. A� dele. A outra coisa A� o gestor pA?blico, que tem responsabilidade social e cultural com o Brasil, de repente transfigurar tudo isso. EntA?o, em uma festa junina, vocA? vai lA? danA�ar forrA?, beber seu licor e comer a espiga, mas tA? vendo um gA?nero musical que nA?o tem relaA�A?o nenhuma. A responsabilidade A� do artista? NA?o! O gestor A� que tem que ser chamado atenA�A?o para isso, frisou.

 

A A�poca dos festejos juninos A� o momento mais esperado pelos forrozeiros. Como o senhor organiza a agenda?

Pois A�. A� uma agenda que, embora a gente queira que seja sazonalizada, ainda temos que ver alguns desafios. O forrA? nA?o pode sobreviver apenas no mA?s de junho. NinguA�m vive 12 meses apenas com um mA?s. A� complicado. Eu tenho a felicidade de poder tocar de janeiro a janeiro, claro que sem a intensidade de maio, junho e julho, no qual sA?o especiais, pois 60 milhA�es de brasileiros, total da populaA�A?o do Nordeste, efetivamente tem festa, seja para comemorar SA?o JoA?o, Santo AntA?nio ou SA?o Pedro. HA? uma demanda muito grande pela cultura e evidentemente a gente fica nessa expectativa. Mas graA�as a Deus estA? indo muito bem.

 

A� uma festa efetivamente nordestina. Consegue eleger em qual estado A� melhor realizada?

Aqui na minha Bahia se faz seguramente o melhor SA?o JoA?o do Brasil. NA?o por ser o maior estado, com 417 municA�pios, mas porque nA?o tem uma grade verticalizada. A� horizontal. EntA?o, quando vocA? vA? Amargosa, Santo AntA?nio, Senhor do Bonfim, Cachoeira, SA?o Francisco do Conde, Salvador, CamaA�ari fazendo festas que empurram para todas as outras ao redor. A� uma comemoraA�A?o que agrega. Esse ano, a gente tA? observando que tem uma perspectiva melhor que o ano passado, que foi bem crA�tico.

 

O que mudou de um ano para o outro?

Cara, todo o seguimento da economia foi atingido com essa crise que o PaA�s passa. PorA�m, por incrA�vel que pareA�a, esse ano eu vejo algumas melhoras, entendeu? Na procura mesmo. NA?o A� uma coisa absurdamente diferente, mas estA? melhorando muito.

 

O senhor A� uma das atraA�A�es mais requisitadas no perA�odo junino. Como vA? essa responsabilidade?

Primeiro, retribuo carinhosamente esse momento de procura das pessoas, pois nA?o deixa de ser uma responsabilidade nos colocar nessa condiA�A?o de todo ano estar aqui. Depois, primo muito pela qualidade. SA?o 23 anos de carreira e hoje percebo que os gestores, produtores levam em consideraA�A?o a qualidade pela qual o serviA�o foi e A� prestado. Isso aumenta a responsabilidade e temos que caminhar pensando sempre nisso.

 

Sente o peso de ser uma referA?ncia no ritmo?

NA?o. De jeito nenhum. Na verdade, nem sei se sou essa referA?ncia (risos). Sinceramente, confesso que nunca imaginei isso, mas tenho convicA�A�es e determinaA�A�es com a minha cultura que A� o forrA?. EntA?o, cada momento que faA�o alguma coisa pelo ritmo, fico feliz. Cada passo, cada degrau que eu consiga pela cultura me deixa feliz para caramba e se eu posso levar e sobreviver, em detrimento de todas as variA?veis, como o modismo, fico mais satisfeito ainda.

 

Qual o segredo para se manter como um grande nome do forrA? apA?s tantos anos?

Comprometimento com a qualidade. A A�tica profissional, trabalho bem feito e respeito ao pA?blico tambA�m, nA�? AlA�m de observar as tendA?ncias. Meu pA?blico nunca me diz: ‘pA?, vocA? tA? cantando coisa ultrapassada”. Se eu fizer alguma coisa fora desse caminho, talvez eles estranhem, mas eu provoco tambA�m. Acabei de gravar “Tempinho na Rede”, que A� uma mA?sica bem jovial. A� de autoria de uma compositora muito jovem que nunca teve uma mA?sica gravada e tA? tocando muito aqui. Bateu 1A? lugar em Salvador.A�Esses sA?o meus segredos (risos).

 

O senhor enxerga essa nova geraA�A?o de forrA?, representada pelo AviA�es e Wesley SafadA?o, por exemplo, como um movimento que soma ao ritmo?

Acho que soma sim. O pA?blico A� o grande juiz e ele sabe dizer o que A� cultura ou que estA? diferente daquilo que foi criado por Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Dominguinhos hA? anos. EntA?o, o que fazemos A� uma coisa que tem laA�o forte com a cultura, mas acho vA?lido e penso que tem que se modernizar mesmo. Eu sA? faA�o censura ao vocabulA?rio que, A�s vezes, A� colocado nas ruas. Ainda sou do tempo que mA?sica A� cultura e tem que seguir referA?ncias. A ideia A� que vocA? se lembre daquela canA�A?o como alguma passagem importante de sua vida. NA?o A� isso? Ainda sou comprometido com essa qualidade. Mas acho que o pA?blico abraA�a com carinho as novas geraA�A�es, mas A� diferente do que A� cultura. A� diferente mesmo.

 

Por que diferente? Pensa que A� sA? entretenimento?

Bom, A� uma novidade e o povo gosta do que A� novo. Eu fico muito feliz quando um pA?blico jovem diz: “pA?, gosto de danA�ar meu forrA? pA� de serra”, ou entA?o: “Fui para um SA?o JoA?o e nA?o tinha forrA?”. Isso A� legal, pois mostra que o cara tem uma histA?ria, seja familiar ou dele mesmo, o que cria um choque cultural. PorA�m, acho que o nosso forrA? ele tA? aA� para ficar mesmo por geraA�A�es e geraA�A�es.

 

Como representante do chamado a�?forrA? raiza�?, teme que as novas geraA�A�es nA?o conheA�am esse movimento daqui a alguns anos decorrente do nA?o surgimento de novos artistas que sigam essa linha?

Na verdade, nA?o tem preocupaA�A?o nenhuma com o cantor ou cantora que traz esse movimento, sabe? A responsabilidade de manter um segmento A� com quem dirige a coisa pA?blica. Por exemplo, uma festa privada vai colocar efetivamente quem estA? na crista da onda, quem tA? lA? em cima. Isso A� claro. PorA�m, A� privada. A� dele. A outra coisa A� o gestor pA?blico, que tem responsabilidade social e cultural com o Brasil, de repente transfigurar tudo isso. EntA?o, em uma festa junina, vocA? vai lA? danA�ar forrA?, beber seu licor e comer a espiga, mas tA? vendo um gA?nero musical que nA?o tem relaA�A?o nenhuma. A responsabilidade A� do artista? NA?o! O gestor A� que tem que ser chamado atenA�A?o para isso.

 

Mas muitas cidades estA?o sendo criticadas por isso…

EstA?o, mas outras perceberam isso, como Amargosa, Santo AntA?nio, Senhor do Bonfim, e estA? surgindo um novo cenA?rio. Isso vai da cabeA�a do cara que organiza.A� Se nA?o pode ser 100%, que seja 90% de forrA?. Esse A� meu entendimento.A� A� assim que tem ser.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Bahia NotA�cias

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