Museu do Recôncavo Wanderley Pinho reabre ao público após 25 anos fechado
O Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, um dos principais equipamentos dedicados à preservação da memória do Recôncavo baiano, foi reaberto ao público nesta segunda-feira (8), após permanecer fechado por 25 anos. Localizado em Candeias, o espaço volta a funcionar com entrada gratuita, de quarta a domingo, das 10h às 17h.
A cerimônia de reinauguração ocorreu no casarão histórico que abriga o museu, no distrito de Caboto, e contou com a presença do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, do secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro, além de autoridades, representantes da comunidade e gestores culturais.
Instalado em um casarão tombado do século XVI, pertencente ao antigo Engenho Freguesia, o museu ocupa um imóvel doado ao Governo da Bahia em 1970 pela família Wanderley Pinho, que dá nome ao espaço. O local funcionou até o ano 2000, quando foi fechado devido às condições estruturais precárias.
Após um longo período de abandono, o equipamento passou por um amplo processo de restauração, iniciado há cerca de sete anos. A requalificação recebeu um investimento aproximado de R$ 42 milhões e incluiu a recuperação estrutural do edifício, da rede hidráulica e elétrica, além da instalação de um sistema de monitoramento com mais de 100 câmeras.
Entre as melhorias, o museu passa a oferecer visitas guiadas, audioguia em Libras, banheiros acessíveis, áreas de descanso e espaços voltados para residências artísticas e ocupações culturais. O percurso expositivo, que inclui a Capela de Nossa Senhora da Conceição da Freguesia, tem duração média de duas horas.
A exposição de abertura reúne utensílios originais de cozinha, mobiliário do século XIX e uma ala dedicada aos povos originários da região. Um dos núcleos mais sensíveis do museu aborda a memória da escravidão, com a exposição de grilhões, correntes e algemas usadas para aprisionar africanos escravizados. Segundo a coordenação do espaço, a proposta é estimular reflexão crítica sobre esse período da história.
O circuito expositivo foi reorganizado em núcleos temáticos, entre eles: Núcleo Histórico, dos Povos Originários, dos Povos Escravizados, Doméstico e da Memória. O museu também abriga a exposição temporária “Encruzilhadas”, com obras de artistas negros brasileiros e africanos, como Mestre Didi, Pierre Verger, Rubem Valentim, Emanoel Araújo e Alberto Pitta.
O acervo original reúne cerca de 260 peças, incluindo mobiliário, pinturas, cerâmicas, documentos, fotografias e instrumentos ligados à história do Recôncavo. Parte do material passou por restauro sob coordenação do professor Dirson Argolo.
Além das exposições, o museu passa a sediar oficinas, atividades formativas e residências artísticas, com a proposta de integrar a comunidade local ao cotidiano do espaço. Com a reabertura, o Museu do Recôncavo Wanderley Pinho retoma seu papel como um importante centro de memória, educação e produção cultural na região.

