A�s vA�speras da votaA�A?o do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, tenta despolitizar as discussA�es feitas na empresa sobre uma eventual reduA�A?o dos preA�os dos combustA�veis. A estatal jA? enxerga espaA�o para baixar o valor da gasolina e do diesel, mas enfrenta forte resistA?ncia do seu conselho de administraA�A?o para um movimento nesse sentido.
Para amenizar o tom das crA�ticas feitas pelos conselheiros, Bendine encaminhou a eles um e-mail afirmando que ainda nA?o hA? uma decisA?o final sobre a reduA�A?o dos preA�os e que nA?o deve haver “qualquer tipo de politizaA�A?o do tema”.
“Estamos todos aqui, diretores e conselheiros, com o objetivo de atender A?nica e exclusivamente os interesses da Petrobras”, escreveu Bendine em mensagem A� qual o Broadcast, serviA�o de notA�cias em tempo real da AgA?ncia Estado, teve acesso.
No mercado, o temor de ingerA?ncia do governo na estatal fez com que as aA�A�es tivessem a maior queda da Bovespa – um tombo de 9%, apA?s duas semanas de alta. Em relatA?rio, o BTG alertou os investidores que “o timing dessa decisA?o pode ser gravemente mal interpretado” em meio ao processo de impeachment de Dilma.
“A� dever dessa diretoria monitorar permanentemente a composiA�A?o de todos os nossos custos e tambA�m o comportamento do mercado. SA?o estes os fatores que norteiam nossa polA�tica de preA�os”, diz o e-mail assinado por Bendine.
A mensagem buscava reduzir a tensA?o com o presidente do colegiado, Nelson Carvalho. Em conversas com outros integrantes, ele criticou a ausA?ncia de discussA?o prA�via sobre o assunto no conselho, que defende uma atuaA�A?o “afinada com o mercado”. “A Petrobras, em funA�A?o de seu caixa, tem de maximizar o retorno com seus produtos”, disse um integrante do conselho.
Margem
A avaliaA�A?o da diretoria, entretanto, A� que hA? margem para reduA�A?o de preA�os em funA�A?o das mudanA�as no cA?mbio e da queda nas vendas de combustA�veis. Na mensagem, Bendine explicou que houve queda de quase 11% nas vendas entre janeiro e fevereiro na comparaA�A?o com 2015. No A?ltimo ano, a empresa jA? havia registrado queda de 9% nas vendas.
O argumento A� questionado por analistas. Walter de Vitto, da TendA?ncias, diz que a queda nas vendas A� causada principalmente pela perda de renda e pelo desemprego. “Esses fatores sA?o mais importantes para definir o consumo e ainda devem se agravar neste ano”.
Os preA�os de combustA�veis estA?o mais altos no paA�s que no exterior desde o final de 2014, com a queda das cotaA�A�es do petrA?leo. CA?lculos da TendA?ncias indicam que, na A?ltima semana, a gasolina estava 23,5% mais cara nas bombas brasileiras em comparaA�A?o com o mercado internacional. JA? o diesel custava 42,7% mais.
A receita gerada com o cenA?rio favorA?vel foi usada para recuperar perdas acumuladas entre 2011 e 2014, quando o governo congelou reajustes nos preA�os para conter a inflaA�A?o. Essa polA�tica provocou perdas de atA� R$ 80 bilhA�es no caixa da empresa.
O consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), ressalta que a reduA�A?o de preA�os integra um “pacote de bondades” do governo para recuperar popularidade. “O governo voltou a tratar a Petrobras como instrumento de polA�tica econA?mica e partidA?ria e repete decisA�es populistas que jA? fizeram estrago no primeiro mandato”, disse.
Fonte: EstadA?o