“Trocar colar por beijo ultrapassa os limites permissivos da religião”, detona membro dos Filhos de Gandhy
Associado há pelo menos cinco anos, Alan Yverson entende que a prática é legal, ‘desde que seja consensual’
Vale trocar um colar por um beijo? Essa pergunta gera bastante polêmica no bloco. Para os foliões mais novos dos Filhos de Gandhy, o adereço serve como uma moeda de troca para fazer sucesso na avenida. No entanto, a mesma tradição é muito mal vista pelos membros mais antigos. Diante disso, o VN resolveu ouvir dois associados para saber o que eles acham.
Lucas Rocha, que sai pelo afoxé há mais de cinco anos, enxerga a troca de colar por beijo de forma negativa. Para ele, trata-se de um desrespeito às tradições do bloco.
“A tradição de trocar colar por beijo ultrapassa os limites permissivos da religião. O Gandhy não é apenas a troca de colar, mas, sim, um bloco afro repleto de tradições. Portanto, os membros precisam entender que o mais importante é o afoxé, a cultura e o próprio bloco”, afirma.

Por outro lado, o membro Alan Yverson, que também veste a fantasia há pelo menos cinco anos, entende que é algo positivo, desde que seja feito com respeito às mulheres.
“Eu acho a tradição, desde que seja algo consensual. Não é legal ver associados puxando as meninas, tem que ser na base da conversa. Mas é preciso reforçar que o bloco é muito mais do que isso”, comenta.
Criado por estivadores do porto de Salvador, os Filhos de Gandhy comemoraram 70 anos de história em 2019.