Unifacs encerra bolsas de alunos e precariza educação
Superintendente da Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor da Bahia (Procon-BA), Felipe Vieira afirmou que a Unifacs pode ser acionada
“Viva a Universidade”, pede a Unifacs em suas peças publicitárias. Na vida real, porém, a instituição tem promovido um verdadeiro arrocho nas benesses que oferecia aos alunos. Denúncias recebidas pelo Jornal da Metrópole, apontam que a universidade, do grupo americano Laureate, promove uma “caça às bruxas” nos descontos que oferece para garantir as matrículas. O cenário é bastante diferente do que era quando chegou à Bahia, com promessas até de intercâmbio.
Com medo, alunos pediram anonimato, mas relataram que o caos tomou conta do sonho de ter formação universitária. “Eu tinha bolsa integral. Depois reduziram para 50% e agora fiquei sabendo que não tenho mais nada de bolsa”, afirmou Felipe Santana*, que teme ter de abandonar os estudos com o corte.
De acordo com os alunos, a Unifacs – de forma unilateral e sem aviso prévio – criou “novas regras” para a manutenção de bolsas e descontos. Com isso, grande parte dos beneficiados está na berlinda.
“Se eu fizer transferência agora, teria que cursar mais um ano em outra instituição, gastar mais dinheiro e iria atrasar demais minha vida”, relatou Paulo Soares*, que precisa entregar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Professores com doutorado têm sido demitidos, alegam alunos
A precarização na Unifacs não fica restrita aos alunos. Os professores, contratados pelo grupo Laureate, têm sido demitidos. Para o lugar dos docentes com mestrado e doutorado, a instituição tem feito a opção por profissionais apenas com especialização, o que precariza o ensino. Questionada, a instituição não respondeu as perguntas.
A pesquisa, parte importante da formação estudantil, tem sido colocada para segundo plano. “É difícil você conhecer algum pesquisador no meu curso. Eles trazem mais gente do mercado e ignoram essa vertente”, reclamou um aluno.
Procon pode ser acionado e vê irregularidade
Superintendente da Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor da Bahia (Procon-BA), Felipe Vieira afirmou que a Unifacs pode ser acionada se estiver rompendo, de forma unilateral, os contratos.
“É importante observar como está o contrato feito entre o aluno e a instituição. O consumidor pode prestar a denúncia para verificar a irregularidade por parte da Unifacs. As informações que temos sugerem que há algo errado”, apontou.
Ao JM, os discentes confirmaram que não há cláusula no contrato que verse sobre o encerramento dos abatimentos.
Instituição nega denúncias
Em reposta, a instituição admitiu que tem feito cortes, mas negou que seja de forma unilateral e culpou o encerramento de incentivos governamentais. “A empresa destina semestralmente parte do seu orçamento para seu próprio Programa de Concessão de Benefícios, que tem por objetivo apoiar uma parcela dos seus estudantes que têm dificuldades para financiar seus estudos, face à redução da oferta de programas de financiamento governamentais. Em função do aumento da demanda por parte dos estudantes, foi realizada uma reavaliação dos benefícios concedidos aos alunos que não cumpriram as regras pré-estabelecidas”, diz.
*Metro1