Os Estados Unidos estão considerando a possibilidade de conceder anistia ao ditador venezuelano Nicolás Maduro e a seus principais aliados militares, que foram indiciados pelo Departamento de Justiça. A proposta incluiria a garantia de que os EUA não buscariam a extradição desses líderes, tudo isso em troca de uma transição de poder na Venezuela, segundo informações do jornal The Wall Street Journal.
Conforme matéria publicada pela Folha de S.Paulo, embora seja uma medida incomum em relação a Maduro, essa oferta de anistia não é inédita. No ano passado, em Doha, os EUA já haviam proposto um acordo semelhante, mas Maduro se recusou a discutir qualquer possibilidade que envolvesse sua saída do cargo, segundo uma fonte próxima ao regime. Essa posição, ao que parece, permanece inalterada. Washington tem mantido pressão sobre Maduro desde 2020, quando ofereceu uma recompensa de US$ 15 milhões (aproximadamente R$ 82,6 milhões na cotação atual) por informações que levassem à sua prisão, sob a acusação de conspirar com o narcotráfico no país.
No entanto, a forte influência de Maduro sobre instituições como as Forças Armadas e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) reduz as chances de sucesso do governo de Joe Biden. A postura de Maduro em relação aos EUA tem sido ambígua: em alguns momentos, ele se mostra aberto a negociações, desde que Washington o trate com respeito; em outros, afirma que os EUA deveriam “cuidar de sua própria vida”.
A eleição
O ditador Nicolás Maduro foi declarado vencedor das eleições pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, poucas horas após o encerramento da votação. No entanto, o resultado foi contestado por adversários do regime e por organizações independentes, além de grande parte da comunidade internacional, incluindo o Brasil, que se recusou a reconhecer a vitória e exigiu a divulgação das atas eleitorais para comprovar a legitimidade do pleito.
De acordo com o CNE, que é controlado pelo chavismo, Maduro teria obtido 52% dos votos, enquanto a oposição alcançou 43%. No entanto, a líder da coalizão antichavista, María Corina Machado, e o representante da oposição nas urnas, o ex-diplomata Edmundo González, afirmam ter coletado mais de 80% das atas eleitorais. Esses documentos, disponibilizados na internet, indicam que González teria vencido com 67,2% dos votos, contra 30% de Maduro.
O projeto independente Missão de Observação Eleitoral (MOE), da Colômbia, realizou uma verificação das atas e encontrou “sérios indícios” de integridade nas cópias virtuais divulgadas pela oposição. A MOE analisou o código QR de uma amostra das atas e constatou que todas as informações dos documentos físicos coincidiam com as do código, tornando uma fraude altamente improvável. Esses documentos, parte do processo eleitoral venezuelano, permitem verificar o total de votos computados e a quantidade de votos que cada candidato recebeu em uma determinada seção eleitoral.