Com fim da hegemonia da TV, internet pode ser decisiva nestas eleiA�A�es
Especialistas avaliam que as redes terA?o mais peso que nunca no pleito
Gilberto Costa
As prA?ximas eleiA�A�es podem ficar para histA?ria e registrar o fim da era da televisA?o aberta como o principal meio de informaA�A?o dos brasileiros para acompanhar a disputa de votos por cargos pA?blicos. Especialistas ouvidos pelaA�AgA?ncia BrasilA�tA?m como hipA?tese a possibilidade de a internetA�terA�mais peso do que nunca na decisA?o, e mudar em definitivo, a maneira de se fazer campanha eleitoral no paA�s.
Pesquisadores de comunicaA�A?o e consultores eleitorais assinalam que os 147,3 milhA�es de eleitores brasileiros escolherA?o seus representantes sob influA?ncia inA�dita de conteA?dos compartilhados nas redes sociais e aplicativos de mensagens instantA?neas, em especial no Facebook e no WhatsApp.
a�?Tem se especulado que esse pleito possa vir a ser a primeira eleiA�A?o onde a internet assuma papel protagonistaa�?, resume o sociA?logo e cientista polA�tico AntA?nio Lavareda, que jA? trabalhou em mais de 90 eleiA�A�es majoritA?rias (campanhas para presidente, governador e senador).
Nas plataformas da internet, diferente da televisA?o e do rA?dio, que veiculam o horA?rio eleitoral gratuito, a comunicaA�A?o A� individualizada e interativa. Os conteA?dos sA?o mediados pelos usuA?rios, em lugar de vA�deos e peA�as sonoras veiculados para grandes audiA?ncias a�� sem possibilidade de resposta ou de reencaminhamento.
a�?A mensagem encaminhada, que consegue penetrar em grupos, A� mais influente do que aquela que vem pela televisA?oa�?, afirma o estatA�stico e doutor em psicologia social, Marcos Ruben.
FA?bio Gouveia, coordenador do LaboratA?rio de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do EspA�rito Santo (UFES), assinala que a�?a atenA�A?o nA?o estA? mais concentrada na televisA?oa�? e, nesta campanha, os usuA?rios a�?assumem papel de filtros disseminadoresa�?, repassando ou retendo mensagens A�s pessoas com quem estA?o conectadas.
Christian Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de SA?o Paulo (USP), aponta que a internet a�?viabiliza informaA�A?o para uma quantidade grande da populaA�A?o que estava excluA�da do debate polA�ticoa�?. Segundo ele, a�?isso ajuda a entender as formas de tratamento, usos de imagem, estratA�gias de retA?rica intimidativa e bipolarizante [hojeA�verificados] que eram menos acessA�veis quando tA�nhamos a campanha baseada na televisA?oa�?.
RiscosA�a�� Os especialistas nA?o desconsideram os riscos da prA?xima campanha eleitoral como a circulaA�A?o de notA�cias falsas, deformaA�A?o de mensagens, difamaA�A�es generalizadas e manifestaA�A�es de A?dio e intolerA?ncia.
Para o jornalista MA?rio Rosa, especialista em gestA?o de crises de imagem, hA? forte possibilidade que, em paralelo A� campanha positiva e com propostas no horA?rio eleitoral, haja forte campanha negativa na troca de mensagens. a�?O disparo do WhatsApp nA?o pode ser monitorado e nem auditado. Podem atacar e nA?o vai se saber qual a origem dos ataquesa�?, alerta MA?rio Rosa ao lembrar que a�?o objetivo da campanha eleitoral nA?o A� informar, mas convencera�?.
Na mesma linha, Christian Dunker nA?o afasta a possibilidade, especialmente ao fim da campanha, de serem disseminados a�?fatos polA�ticos que possam vampirizar candidaturas e interferir nos resultadosa�?.
NA?merosA�a�� O Facebook chegou a 127 milhA�es de usuA?rios neste ano no Brasil e o WhatsApp tinha cerca de 120 milhA�es de pessoas ligadas no ano passado (20 milhA�es a mais do que em 2016). Facebook e WhatsApp nA?o informaram o crescimento de usuA?rios que tiveram entre a eleiA�A?o de 2014 e atA� o momento.
Segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de ServiA�os MA?vel Celular e Pessoal (SinditeleBrasil), nos A?ltimos quatro anos, o nA?mero de usuA?rios de aparelhos celulares 3G e 4G (que permitem acesso a redes sociais) passou de 143 milhA�es para 188 milhA�es a�� diferenA�a de 45 milhA�es, superior A� populaA�A?o da Argentina.
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