Em entrevista, KA?tia Vargas declara: ‘Eu nA?o matei ninguA�m, foi um acidente que criou uma tragA�dia’

A dois dias do julgamento, em entrevista exclusiva ao CORREIO, mA�dica fala pela primeira vez sobre o caso

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A mA�dica KA?tia Vargas foi acusada de ter provocado o acidente de trA?nsito que resultou na morte dos irmA?os Emanuel e Emanuelle Dias, em 11 de outubro de 2013.

Nesta semana, o caso voltou a ficar em evidA?ncia, pois KA?tia irA? a julgamento nesta terA�a-feira (5). A mA�dica declarou que, neste A?ltimos quatro anos, sua vida virou do avesso.A�KA?tia Vargas disse ter ficado um longo perA�odo sem sair de casa. Mesmo tendo voltado a trabalhar e retomado o trabalho voluntA?rio que fazia em organizaA�A�es sociais de Salvador,A�ela nunca mais dirigiu um carro: a�?Vivo A� base de remA�dios e a minha famA�lia estA? destruA�daa�?, declarou.

Ela declara que sempre teve vontade de conversar com a famA�lia dos irmA?os, mas que isso nunca ocorreu devido a grande repercussA?o do caso. KA?tia Vargas reitera a sua inocA?ncia e diz que confia na JustiA�a, mesmo que tenha sido a�?transformada em um monstroa�? pela imprensa. a�?Eu me envolvi em um acidente, trA?gico, mas nA?o sou criminosaa�?, diz ela, que deverA? estar acompanhada do marido, da mA?e e dos dois filhos no julgamento.

Por e-mail, a mA�dica concedeu entrevista ao site do jornal Correio. Das perguntas feitas pelo jornal, a A?nica nA?o respondida foi “O que aconteceu no dia do acidente?”. Segundo JosA� LuA�s Oliveira Lima, advogado da mA�dica,A�a�?em respeito aos jurados e juA�za, essa indagaA�A?o serA? respondida no plenA?rioa�?.

Confira a entrevista na A�ntegra:

A poucos dias do julgamento, qual A� a expectativa da senhora?
Tudo o que peA�o A� um julgamento justo. Eu confio na justiA�a. Sou inocente.

Como lidou com a pressA?o e a ansiedade nos A?ltimos anos, enquanto aguardava o julgamento?
Minha vida parou. Deixei de trabalhar durante um tempo, nA?o tive coragem de sair de casa, vivo A�A�base de remA�dios e a minha famA�lia estA? destruA�da. Aos poucos consegui voltar a trabalhar. Nunca mais dirigi um veA�culo. Minha vida nunca mais serA? a mesma, assim como a da famA�lia das vA�timas. NA?o estou comparando as dores das duas famA�lias, ambas vA�timas de uma tragA�dia. A minha dor nA?o exclui a dor da outra.

Qual foi a importA?ncia da religiA?o nesse processo?
Eu sempre fui religiosa. A fA� me acalmou e nA?o permitiu que eu tivesse feito algo pior contra a minha vida.

Em 2013, quando divulgou o vA�deo de seu depoimento, a senhora afirmou que gostaria de encontrar a mA?e de Emanuel e Emanuelle e conversar com ela, olho no olho. Em algum momento, a senhora tentou essa aproximaA�A?o? Hoje, em 2017, ainda tem essa vontade?
Sempre tive vontade de falar com a famA�lia da vA�tima, mas a repercussA?o que o meu caso teve foi tA?o grande que impediu esse contato. Eu gostaria de estar com a mA?e de Emanuelle e Emanuel e dizer a ela que nA?o consigo imaginar a dor que ela sente por essa tragA�dia, pela morte de dois filhos. Dizer tambA�m que nA?o matei os seus filhos, que nA?o bati na motocicleta. Me envolvi numa tragA�dia, em um acidente, mas nunca quis matar alguA�m.

A senhora acompanha, de alguma forma, o que A� dito sobre o caso nas redes sociais?
Alguma coisa, fico assustada com a vontade que as pessoas tA?m de me matar. Fui transformada em um monstro, numa criminosa perigosa. Tenho dois filhos, sou casada hA? mais de vinte anos, nunca tive nenhum problema na minha vida. Por que tanta raiva, tanto A?dio. Eu me envolvi em um acidenteA�trA?gico, mas nA?o sou criminosa.

Muito se falou sobre como o acidente afetou tambA�m a sua famA�lia. Como A� a sua relaA�A?o com sua famA�lia hoje?
Vivo A�A�base de remA�dios e tratamento psiquiA?trico. Meus filhos sofreram muito, pois tiveram que lidar com a exposiA�A?o da sua mA?e, que ficou presa. Paulo, meu marido, foi um companheiro de todos os momentos e me apoiou sempre.

Quais sA?o os seus planos para a vida apA?s o julgamento?
NA?o consigo fazer planos, tudo o que sonho A� provar que sou inocente.

Nesses quatro anos, a senhora voltou a trabalhar. Conseguiu retornar a fazer mais alguma outra atividade?
Voltei aos poucos a trabalhar na clA�nica e retomei os meus projetos comunitA?rios e sociais, SolidariaA�A?o e Corrente do Bem, que atende vA?rias creches da cidade de Salvador.

A senhora acredita que vai ser absolvida?
Apesar de todo o massacre que a imprensa fez comigo, eu acredito na justiA�a, continuo acreditando nas pessoas de bem. Sei que esse acidente acabou com a famA�lia daA�vA�tima. NA?o consigo imaginar o sofrimento da mA?e dos meninos, deve ser uma dor indescritA�vel. Mas eu nA?o matei ninguA�m, foi um acidente que criou uma tragA�dia para duas famA�lias.

 

 

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