Com base governista ainda forte, Câmara de Salvador fica mais pulverizada

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Apesar de mantida a proporção da provável base de sustentação governista, a Câmara Municipal de Salvador (CMS) terá uma composição mais pulverizada na próxima legislatura, com representantes de 22 partidos no Legislativo soteropolitano, o que deverá trazer um esforço adicional para a liderança do governo na Casa. Atualmente, integrantes de 19 legendas ocupam as 43 cadeiras da CMS.

O DEM, partido do prefeito eleito Bruno Reis e do prefeito ACM Neto, terá sete cadeiras, em vez das atuais 12. Entretanto, o cientista político e professor Cláudio André de Souza diz que houve um cálculo em torno da “desidratação” do DEM para reforçar aliados que marcharam na campanha com Bruno. “A base da candidatura de Bruno Reis construiu um mapeamento que desse força aos partidos menores”, afirma. Um exemplo foi a candidatura de Roberta Caires, vereadora eleita pelo Patriota e ex-presidente do DEM Mulher. Ela foi também coordenadora de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon) da prefeitura.

Outro ex-integrante da administração municipal que terá assento na Câmara a partir do próximo ano é André Fraga (PV), ex-secretário de Cidade Sustentável.

A nova configuração da base de apoio do democrata pode também, na opinião do professor, repercutir na administração municipal. “Apesar da tendência ser de seguir com quadros técnicos na sua maioria, será preciso acenar de alguma maneira na montagem do governo”, diz Cláudio André.

O cientista político destaca que, apesar da pulverização, Bruno Reis deverá encontrar, em termos quantitativos, uma base tão sólida quanto a de Neto. Dos eleitos, 31 integram partidos que apoiaram a campanha do democrata. Atualmente, 30 vereadores podem ser considerados da base do prefeito.

Evangélicos – Parte da base de apoio de Neto, a bancada evangélica saiu ainda mais fortalecida do pleito. Não só fez o vereador mais votado (Luiz Carlos), como tem outros três integrantes na lista dos dez que tiveram mais votos (Isnard Araújo, Ireuda Silva e Ricardo Almeida).

“Acho que isso deriva de uma força com um caráter societário, que envolve a força das igrejas nos bairros. É importante desmistificar. A igreja faz um trabalho nos bairros e comunidades, um papel que acaba extrapolando o caráter ligado ao culto e doutrina”, avalia Cláudio André.

Um dos integrantes da bancada evangélica, apesar de novato na Câmara, não terá pela frente o desafio de um primeiro mandato. Ex-deputado federal, Irmão Lázaro (PL) ficou com uma das últimas vagas. Teve 4.273 votos. Em 2018, concorreu ao Senado.

Além do fortalecimento dos evangélicos, o professor também ressalta a manutenção da força do PT na oposição, ao continuar como a segunda maior bancada da Casa (com quatro cadeiras), e a renovação política também na esquerda, com nomes como Augusto Vasconcelos, presidente licenciado do Sindicato dos Bancários, o rodoviário Tiago Ferreira (PT) e Maria Marighella (PT), neta do guerrilheiro Carlos Marighella.

Maria promete um mandato aberto e participativo em oposição a Bruno Reis, “a quem parabenizo pela eleição, e de quem cobraremos uma visão mais humana de cidade”. A petista diz ainda acreditar no dissenso, “sem encararmos quem discorda de nós como inimigo”. “Afirmamos publicamente a importância de disputarmos a memória de nosso povo e lutarmos por verdade e justiça para todas as pessoas que sofrem violações. E reafirmamos nas ruas que Marighella vive em cada pessoa que luta por democracia”, acrescenta.

Além disso, o PSOL conquistou o primeiro mandato coletivo de Salvador – Laina Crisóstomo representou nas urnas o grupo Pretas por Salvador, composto também por Cleide Coutinho e Gleide Davis.

“Somos a primeira mandata coletiva eleita em Salvador, o que traz uma responsabilidade muito grande. A gente entende que essa mandata é composta por três mulheres pretas, de diversas áreas da cidade. Mas é além disso: é sobre olhares diversos para a ocupação de poder e no processo de decisão”, afirma Laina. “Salvador é uma cidade extremamente diversa, e como é que essa cidade não tem ainda um processo de ocupação tão diverso?”, questiona.

Laina acrescenta que “ainda é muito pouco” o avanço da bancada feminina na Casa, passando de sete para nove vereadoras. Uma dessas vereadoras eleitas é Cris Correia, presidente municipal do PSDB. Jornalista de formação, ela é ligada politicamente a João Gualberto, com quem trabalhou por 16 anos. O tucano retornará à prefeitura de Mata de São João no próximo ano.

Em sua primeira eleição, Cris foi a candidata mais votada do PSDB para a Câmara de Salvador, com 7.166 votos. “Minha direção sempre foi a educação. Nasci em uma comunidade, tive alguns contratempos e logo cedo percebi que era através da educação que eu iria transpor algumas barreiras”, afirma.

Fonte: A Tarde Online

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